Nollywood

Notícia : Nollywood

Uma visita a Nollywood e outras 8 indicações culturais (webremix.info)


Centro de São Paulo recebe mostra de cinema nigeriano

Segunda edição da mostra "Bem-Vindo a Nollywood" celebra indústria. Produtora e diretora nigeriana também é homenageada. (webremix.info)


Tem de tudo nessa Nollywood

RIO - Uma letra pode fazer toda a diferença ao se tratar dos grandes mercados de cinema do mundo. Primeiro veio Hollywood, o centro cinematográfico óbvio, o local de onde saem os filmes com orçamentos milionários, feitos num esquema de produção de massa. Bollywood, por sua vez, apareceu como o primo distante, uma indústria impulsionada pelos anseios orientais de uma Índia em desenvolvimento, cuja população queria se ver retratada na tela. Aí, um país africano dividido entre cristãos e muçulmanos, bem mais pobre que Índia e EUA, viu nascer nas ruas uma terceira via de cinema, democrática, espontânea e tão criativa quanto a de seus pares. A tal via rapidamente virou uma indústria e, hoje, a Nigéria vem exportando sua Nollywood para o mundo.

O termo Nollywood foi usado para batizar a desorganizada, porém promissora, prática de cinema surgida na Nigéria nos anos 1990. Sem salas de exibição e com minguados recursos financeiros, diretores rodavam seus filmes em VHS e os vendiam nas ruas, em bancas, em feiras, da maneira que fosse possível. A prática se espalhou, ao ponto de, hoje, cerca de 2 mil filmes nigerianos serem lançados por ano, alguns deles com distribuição internacional. Para jogar luz nessa produção, 12 desses filmes, todos inéditos no Brasil, foram selecionados para a mostra “Nollywood: o caso do cinema nigeriano”, que começa amanhã e vai até o dia 18 de novembro, na Caixa Cultural, no Centro do Rio.

— No início dos anos 1990, como não tínhamos mais salas de cinema,

todos os filmes nigerianos eram feitos para home video — afirma Zeb Ejiro, diretor conhecido como o “sheik” do cinema nigeriano e que virá ao Rio para a mostra na Caixa. — Depois da Era Militar (um período entre as décadas de 1970 e 1990, quando a Nigéria teve sucessivos governos militares), havia uma insegurança grande no país. As pessoas não queriam colocar suas vidas em risco saindo às ruas para ir ao cinema. Então as salas foram convertidas em igrejas. O home video, aí, cresceu.

As dificuldades para se filmar na Nigéria não são, à primeira vista,tão diferentes do que ocorre em qualquer outro canto do mundo. A principal é que falta dinheiro para financiar as produções, sobretudo as mais elaboradas. Porém, há certos problemas bem particulares de um país que ocupa a posição 156 (entre 187) no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU.

— Um de nossos grandes desafios é conseguir eletricidade. Há apagões de energia periódicos na Nigéria — diz o “sheik” Ejiro, cujo longa “Domitilla” (1996) é um dos maiores sucessos da história de Nollywood.

— Mas, com os novos filmes digitais que estão sendo produzidos no país, as boas salas de cinema estão florescendo. Atualmente, posso dizer que nós temos, sim, uma indústria organizada.

O apelido de Ejiro foi dado por um jornal nigeriano, depois de ele ter sido um dos primeiros diretores a se organizar em meio aos grandes mercados de home video. O que ele fez foi simplesmente montar uma produtora e tentar sistematizar uma indústria que parecia caótica. Na teoria, qualquer um poderia gravar uma história em VHS, fazer uma montagem caseira, produzir dúzias de cópias e colocá-las à venda na rua. Sem a necessidade de brigar por espaço em salas de exibição, o mercado foi, de certa forma, democratizado. Se um filme vendesse bem, faziam-se mais cópias.

Mas, para vender bem, não bastava apenas criatividade. Com poucos recursos, a maior carência do cinema nigeriano dos anos 1990 era justamente a qualidade técnica de produção. E é aí que apareceram figuras como Ejiro: com recursos acumulados de alguns trabalhos de sucesso na TV e no cinema, o “sheik” se tornou o produtor ao qual todos queriam se associar para rodar filmes com orçamentos mais robustos. Uma década mais tarde, Ejiro teve sua relevância diluída entre outros produtores, mas ele continua atuando e até montou uma escola de cinema, a Film and Broadcast Academy, em Delta State.

Além de escolas, foram surgindo na Nigéria associações para ajudar a dar alguma ordem a Nollywood. Bond Emeruwa é presidente da Coalizão de Sindicatos e Associações de Nollywood (a Conga, na sigla em inglês) e também diretor de filmes como “Sleeping with the enemy” (2004), “21 days with Christ” (2005) e “Checkpoint” (2006). Ele faz coro quanto aos desafios de se produzir no país e reclama da falta de apoio do setor privado e do governo.

— O maior desafio de se fazer cinema de qualidade na Nigéria está relacionado à falta de verbas — diz Emeruwa. — Até agora, não tivemos investimentos significativos nem de empresas privadas nem do governo.

Fundos para o cinema simplesmente não existem. Tudo isso coloca muita pressão nos cineastas, que precisavam muitas vezes pedir ajuda para amigos e parentes.

Há 12 multiplex na Nigéria hoje, cada um com uma média de quatro salas. O número é pequeno, claro. Porém, em comparação aos anos 1990, a situação permite que uma parcela mínima dos 2 mil títulos produzidos no país anualmente chegue a uma tela grande. Por outro lado, a grande maioria que não consegue espaço nos cinemas continua sendo vendida nos mercados, agora em DVD, a um preço que raramente é superior a R$ 5.

— Depois de se fazer um filme na Nigéria, o desafio é encarar a distribuição e evitar a pirataria. O mercado da distribuição ainda é muito informal. Nossos DVDs são distribuídos da mesma maneira que um vendedor comercializa seus produtos numa feira de alimentos. E não temos como contabilizar com precisão quantos DVDs são vendidos — afirma Mahmood Ali-Balogun, diretor de “Tango with me”, o longa-metragem mais lucrativo do mercado nigeriano em 2011. — Como eu rodei meu filme em 35mm, e não em digital, tive que trazer a película, a câmera, os acessórios e também o diretor de fotografia de Los Angeles. Não há um bom laboratório de processamento na Nigéria, então viajei para Dubai para tratar o negativo, e para a Bulgária para a pós-produção.

Recém-exibido em cinemas de Londres, “Tango with me” é um dos raros casos de filmes nigerianos que conseguiram distribuição em circuitos comerciais fora da África. Já na própria Nigéria, o filme, um drama centrado na rotina de um casal, foi visto por 100 mil pessoas nos cinemas, depois de oito semanas em cartaz em seis salas.

— Acredito que estamos passando por um período de mudança não apenas em Nollywood, mas em todo o cinema africano. Os filmes nigerianos estão progredindo porque são histórias que falam sobre nossa realidade de maneira simples — diz Ali-Balogun.

Ao lado de “Tango with me”, filmes como “Aki na Ukwa” (2002), de Amayo Uzo Phullips, e “The figurine: Araromire” (2009), de Kunle Afolayan, vêm dando novos rumos ao cinema do país. Os temas são variados, e podem passar por um romance lésbico na sociedade nigeriana (“Emotional crack”, de 2003) à ação de um grupo de justiceiros que ataca criminosos em pequenos vilarejos (“Issakaba”, de 2001). “Check Point”, por exemplo, aborda a corrupção policial no país. De acordo com os diretores, o único assunto que ainda é visto como tabu e costuma ser evitado nos filmes é a religião, principalmente a islâmica — cerca de 50% da população nigeriana são muçulmanos.

— Nollywood certamente trouxe de volta um sentimento de orgulho e entusiasmo à população — diz o italiano Franco Sacchi, diretor que lançou em 2007 o documentário “This is Nollywood”. — Além disso, os filmes têm se tornado um fenômeno entre os africanos na diáspora. A indústria nigeriana ainda é caótica, mas também é muito bem-sucedida. Acredito que seja questão de tempo para que alguns diretores de Nollywood ganhem espaço no mercado global.

* Reportagem publicada no vespertino para tablet O Globo a Mais

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Cinema nigeriano ganha mostra em São Paulo (webremix.info)


Nigéria produz mais filmes que EUA e ganha apelido de Nollywood

O ano de 2006 foi histórico para Nollywood: segundo dados da Unesco, a indústria cinematográfica nigeriana despontava como a segunda do mundo, atingindo a marca de 872 filmes. À frente de Hollywood, com 485, ficou atrás somente de Bollywood --em Mumbai realizaram-se, na época, 1.091 longas. Num escritório próximo do Teatro Nacional, em Surulere --o bairro dos artistas de Lagos, onde nasceu e se desenvolve a indústria-- Segun Arinze, 46, protagonista de cerca de 150 filmes, afirma que Nollywood é o novo negócio da Nigéria, o país mais populoso do continente. "E também o novo entretenimento da África", diz. Leia mais (07/06/2011 - 08h05) (webremix.info)



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