Dança Africana

Notícia : Dança Africana

Caixa Cultural oferece oficina de dança afro para deficientes auditivos


Acontece neste sábado, 24 , a oficina gratuita "Vibrações d'África", com aulas de dança afro exclusivas para pessoas com deficiência auditiva. Ao total, serão disponibilizadas 20 vagas para adolescentes a partir de 14 anos.As aulas serão realizadas na Caixa Cultural Salvador das 14h às 16, e será promovido pelo programa educativo Gente Arteira. O workshop pretende levar aos deficientes auditivos, passos de dança africana ocidental, através da mediação de intérprete de libras. [Leia mais...] (webremix.info)


A dança (e a vida) no exílio (webremix.info)


Antes de show no Rio, Rico Dalasam entrevista Jaloo, e vice-versa (webremix.info)


Rock in Rio 2017 vai homenagear o continente africano na Rock Street (webremix.info)


Acadêmicos do Tatuapé é campeã do Carnaval em SP

Acadêmicos do Tatuapé é a grande campeã so carnaval de São Paulo

SÃO PAULO - A Acadêmicos do Tatuapé se consagrou a campeã do carnaval de São Paulo, na tarde desta terça-feira. Vice-campeã do ano passado, a escola celebrou a África com o samba-enredo “Mãe-África conta a sua história: Do berço sagrado da humanidade ao abençoado menino da terra do ouro”.

Com uma homenagem ao Zimbábue, país africano, a agremiação levou o título inédito pois teve quatro notas 10 no quesito Samba-Enredo. Com 269,7 pontos, ela ficou com a mesma nota final que a Dragões da Real, que ficou na segunda colocação pois teve notas piores no último quesito. O critério de desempate era o quesito samba-enredo, que foi definido pela Liga das Escolas de Samba de SP por sorteio realizado na segunda-feira.

Carnaval SP

Logo depois da confirmação do resultado da apuração, após gritar com seus colegas de escola, o presidente da Tatuapé, Eduardo Santos, disse que a vitória foi “com um gol de pênalti aos 47 do segundo tempo”.

Para levantar o troféu da Liga das Escolas de Samba, Eduardo precisou da ajuda de mais três diretores da escola, tamanho era o peso do prêmio. Instantes antes, funcionários da Liga quase quebraram o artefato ao tentar colocá-lo em um local diferente no palco onde era feita a leitura das notas.

Segundo colocado, o presidente da Dragões da Real, Rafael Regoita, também comemorou o resultado, inédito para sua escola, que saiu de uma torcida organizada do São Paulo Futebol Clube. A Dragões da Real, que homenageou "Asa Branca" tomou a frente na disputa durante a leitura das notas do sétimo quesito, Evolução, de um total de nove. Como a pior nota de cada quesito é descartada, a agremiação só soube que ficou na segunda posição quando foi revelada a nota do quarto jurado do último critério.

— Estamos muito felizes. É motivo de muito orgulho ser vice do campeonato mais disputados dos últimos anos — disse Regoita.

A apuração foi disputada voto a voto. Durante a maior parte da leitura das notas, a Império da Casa Verde liderou a disputa.

Após comemorar muito com os seus companheiros de agremiação, Eduardo Santos agradeceu o empenho de todos os integrantes da escola:

— Várias escolas foram merecedoras, mas nós fizemos muito por merecer e fomos premiados. Esse troféu serve para coroar o trabalho maravilhoso de um ano inteiro. Exaltamos, no nosso desfile, o povo africano, que sofre como a gente, mas também tem alegria, com muita cor e dança.

A quadra da escola, localizada na Zona Leste de São Paulo, está em festa na noite desta terça-feira.

A Acadêmicos do Tatuapé foi criada em 1952, com o nome de Unidos de Vila Santa Isabel, em 1964, com a mudança de sua sede para a Rua Antonio de Barros, passou a chamar-se Acadêmicos do Tatuapé.

A escola da Zona Leste da capital paulista foi a quarta a entrar na avenida na madrugada do último sábado , com seus 3,2 mil componentes em cinco alegorias e muitas cores, e completou seu desfile com 61 minutos — a 4 minutos do limite.

Aos 72 anos, Leci Brandão, madrinha da Acadêmicos do Tatuapé, foi responsável por abrir o desfile, sambando e cantando à frente da comissão de frente, composta por 14 guerreiros protetores da árvore do Baobá, símbolo da força e da resistência do povo africano.

MUSA E MUSO

Sabrina Boing Boing, que é umas das musas da Acadêmicos do Tatuapé, comemorou muito o título da escola. Durante o desfile na madrugada de sábado, ela chegou a prometer que desfilaria nua na avenida Paulista caso a escola fosse campeã e sangrou na concentração.

_ Vou pagar a promessa, vale a pena tudo pela Tatuapé. Dei o sangue na avenida e vou desfilar pelada na Paulista, sim! _ garantiu ela, referindo-se ao desfile, após o qual chegou literalmente sangrando por conta de machucados feitos pela fantasia.

As informações são do site Ego.

Uma curiosidade da escola é que ela é a única do Carnaval paulista que possui, há 9 anos, um rei de bateria: o educador físico Daniel Manzioni, que foi acompanhado na Avenida da rainha Andrea Capitulino.

As escolas rebaixadas no Carnaval 2017 foram: Águia de Ouro e Nenê de Vila Matilde, que desfilam no grupo de acesso no ano que vem.

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Para manter a forma, musas da Sapucaí dão adeus às gulodices

RIO — A temporada de caça a carboidratos, frituras e doces foi aberta há uns três meses, mas chegou ao auge na última semana, às vésperas do desfile das escolas de samba. Para "divar" na Avenida, rainhas de bateria e musas das agremiações sacrificaram a gula. Uma nutricionista recomendou à soberana da Vila Isabel, Sabrina Sato, que ela fizesse jejum intermitente (passar 14 horas sem comer para acelerar a perda de gordura corporal). A apresentadora, que defende a escola de Noel Rosa desde 2011, diz que não seguiu a recomendação, mas cortou as comidas engordativas.

- Sequei um quilo para o carnaval diminuindo açúcar, gordura e carboidrato e fazendo aulas de muay thai, além de corrida - conta Sabrina que está com 59kg, garantidos só até o final do desfile desta noite. - Estou louca para comer um sonho com bastante creme e muito açúcar e beber milk-shake sem culpa.

Paloma Bernardi, que estará neste domingo à frente da bateria da Grande Rio, posto que ocupa pelo segundo ano consecutivo, fez amizade com a calculadora: tem ingerido 1.300 calorias por dia, também por orientação do nutricionista. À noite, tem evitado o consumo de carboidratos e alimentos que contenham glúten e lactose, para manter os 53 quilos, distribuídos por 1,63m de altura.

- Neste último mês, recorri a congelados. É uma alimentação prática, saudável, leve, rica em proteínas e na quantidade certa para mim. Claro que, às vezes, saio do regime, não sou de ferro (risos). Mas, quando como um chocolate, compenso no dia seguinte - afirma a atriz de 31 anos que, no entanto, frisa: - Não estou fazendo nenhuma dieta louca. Preciso comer direito para me sentir bem e ter energia.

Já Bianca Monteiro estreará diante dos ritmistas da Portela, a quinta a desfilar nesta segunda-feira. Nascida e criada em Madureira, a dançarina, de 30 anos, é passista da azul e branco desde os 14 e fala com conhecimento de causa: "Passar na Marquês de Sapucaí não é fácil".

- Você tem que estar bem fisicamente e emocionalmente para desfilar. Se não tiver comido corretamente, quando bater a emoção, vai desmaiar. E, no final, todo o trabalho de três, quatro meses de preparo para o carnaval, vai por água abaixo - diz.

Isso não significa que ela não esteja fazendo dieta. Cozinheira de mão cheia, Bianca diz que tem deixado a irmã em crise de abstinência de seu feijão e seu bobó de camarão:

- Eu digo "pelo amor de Deus, não vou fazer feijão nenhum, não vem me paquerar, não" - diz a sambista, que 67 quilos e 1,73m, com corpo modelado pelo balé fitness, uma versão turbinada da dança.

Musa do Salgueiro, Mônika Nascimento admite que, "de vez em quando", recorre ao frango com batata doce, o binômio oficial dos marombeiros. Mas nada muito radical. Sagrada mesmo é a malhação de segunda a sexta. E a aula de muay thai:

- Comecei a fazer muay thai para competir, mas sempre tinha medo de quebrar o nariz, ficar roxa e me comprometer para os eventos de carnaval, então agora é mais por questões estéticas mesmo.

Também rainha da Acadêmicos da Rocinha, da Série A, que desfilou neste sábado, Mônika conta que voltar à Sapucaí neste domingo para defender a vermelho e branco vai exigir um esforço a mais... Aliás, um descanso a mais:

- Vou relaxar bastante, fazer uma massagem e colocar os pés numa bacia com água gelada. Pelo menos, o Salgueiro é a penúltima escola de hoje (domingo), e a Rocinha foi a primeira de ontem (sábado), então vou ter um intervalo razoável entre os desfiles.

Quem se prepara para debutar na Avenida é a funkeira Lexa, musa da Vila Isabel. Ela conta que perdeu seis quilos nos últimos meses fazendo "dieta sem carboidratos e porcarias". Só enfiou o pé na jaca, jura, na última quarta-feira, quando completou 22 anos.

- Estou perdoada, né? Até porque tenho feito muitos shows e ido aos ensaios da escola. Como suo muito, é um mês de academia em um dia - justifica a cantora.

De todas as entrevistadas, Lexa é a única que dá pistas da fantasia que usará mais tarde na Sapucaí:

- Remete ao Caribe e será bem colorida. Vou mostrar barriga, pernas, bumbum e que o esforço valeu a pena- promete a funkeira.

Ela, que nasceu no Centro, mas passou a infância no bairro de Vila Isabel, conta que, quando criança, frequentava a quadra da agremiação com a mãe. A relação afetiva só aumenta a ansiedade e ela não vê a hora de representar sua escola do coração.

- Acho que vou ter um troço, vai ser uma alegria única.

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Paulinho da Viola não deve desfilar na Portela este ano

RIO - É possível que Paulinho da Viola não desfile na Portela esse ano — mas é bem possível também que, na hora agá, ele se meta em um terno azul e branco, enfie um chapéu na cabeça e vá pra Avenida desfilar. Paulinho ainda não sabe. O compositor de “Foi um rio que passou em minha vida”, uma das inspirações para o enredo da escola em 2017, sabe e não sabe um monte de coisas — e isso, aos 74 anos de idade, é uma virtude e tanto.

Paulinho não sabe se sai ou não sai na sua escola de coração, se a plaina que acabou de montar para sua marcenaria vai funcionar direitinho, se a camisa que escolheu para a foto de capa está mesmo o.k. e, enfim, não sabe ainda quando vai poder dar uma volta no quarteirão dirigindo seu Karmann-Ghia vermelho que, depois de 10 anos de restauração, está tinindo de novo na garagem. Por outro lado, ele sabe muito bem, por exemplo, que o samba da Beija-Flor é o melhor do ano, que o Vasco precisa arrumar um bom lateral esquerdo se não quiser fazer feio no Brasileirão, que as baterias das escolas têm que voltar a respeitar a síncope do samba, que o racismo é uma questão a ser enfrentada com urgência no Brasil e, acima de tudo, que neste domingo, lá pelas cinco da tarde, vai estar suando em cima de um caminhão na Praça Paulo da Portela, em Oswaldo Cruz, no desfile do Timoneiros da Viola. Paulinho vai estar ali para cantar e para ver as meninas.

As meninas, no caso, são Beatriz e Cecília, duas de suas filhas, nascidas do casamento com Lila Rabello — ao todo Paulinho tem sete filhos. Cada uma estará no bloco por um motivo diferente. Beatriz vai mostrar parte do repertório de “Bloco do amor”, seu disco de estreia, misturando sambas e marchinhas de carnaval. Já Cecília é a musa do bloco, e quem já a viu em ação sabe bem o que isso quer dizer. Foi para as filhas — e também a irmã mais velha, Eliana — que Paulinho compôs “Para ver as meninas”, um daqueles sambas de beleza delicada com a marca do compositor. É uma canção de amor entre pai e filhas. Ou, melhor, um samba sobre o infinito.

— Achavam que era sobre qualquer garota, mas não, fiz pras minhas meninas mesmo. Eu sempre gostei de ficar em casa, em silêncio, olhando o movimento delas — diz ele, sentado numa poltrona de sua casa no Itanhangá. — Cada vez mais elas são o meu carnaval.

Carnaval, pelo menos o carnaval na cabeça de Paulinho da Viola, é uma mistura de um monte de coisas, a maior parte delas saída de um ponto distante de seu passado. Não que ele seja um saudosista, mas é que é disso — de uma festa que o capturou ainda menino e deixa marcas em tudo o que fez dali em diante — que é feita boa parte de sua alma. Paulinho conheceu o carnaval em Botafogo, onde viveu na infância. O carnaval para ele tem o som seco dos surdos de marcação, da agitação vermelha e branca que se via na passagem do Bloco da Chuva pela Real Grandeza, dos desfiles assistidos do meio-fio na rua Arnaldo Quintela, das melodias criadas por gente como Zorba Devagar e Mauro Duarte, da risada engraçada e dos óculos fundo de garrafa do parceiro Micau, de sair pelas ruas enfiado em um sarongue colorido, da serpentina que grudava no seu pescoço suado, do barulho (plac-plac) dos tamancos batendo no asfalto. Parte disso, de uma forma ou de outra, está no repertório escolhido por Beatriz para seu disco.

— O título ia ser “Samba, amor e carnaval”, mas depois que meu pai compôs “Bloco do amor” eu vi que isso resumia tudo o que eu queria dizer. É a música que fecha o disco — afirma Beatriz Rabello, que já juntava fãs pelo caminho por conta de seus olhos de mar do Caribe e de suas participações em musicais como “Sassaricando”e “SamBRA”. — Eu escolhi algumas músicas que eram referência para mim e também quis lançar coisas novas, tem muito compositor bom por aí. Mas todo o repertório gira em torno do carnaval, uma festa revolucionária.

Ainda assim, ela não está satisfeita com todas as coisas que envolvem a folia:

— Só vou em bloco onde eu possa ouvir a música, dançar a música. Não aguento aquele povo se arrastando pelas ruas com as latinhas de cerveja na mão. Carnaval não é procissão — diz a cantora, 36 anos, que não se esquiva de dar sua opinião sobre a polêmica das marchinhas. — Há muito tempo eu não canto “O teu cabelo”, essa não desce mesmo. Já “Maria Sapatão” e “Mulata Bossa Nova” eu não acho ofensivas, canto na boa, têm cara de bloco animado. O carnaval cura.

O que é cura para Beatriz é febre para Cecília. Ela começou a trabalhar com música fazendo produção para os shows do pai. Pegou na veia. Dali em diante, ao mesmo tempo em que intensificava as aulas de dança e os cuidados com o corpo, se embrenhou pelo mundo do samba e não teve mais como escapar. A Portela, onde foi musa e diretora de eventos, foi uma escola em muitos sentidos. Dali partiu para produzir seus próprios shows, como a bela homenagem a Candeia, ano passado no Circo Voador, e as apresentações do Samba da Ouvidor. Não para quieta. Quando fica na dúvida entre os caminhos que tem que seguir, recorre ao seu timoneiro particular, o mar que a navega:

— Eu tenho o jeito quieto dele, meu pai é um cara que não consegue ter privilégios — diz Cecília, 37 anos, um “Da Viola” tatuado no pulso esquerdo. — Se a gente deixar, ele passa o dia inteiro na oficina, sozinho, trabalhando em silêncio.

A oficina de marcenaria de Paulinho é um mundo à parte. Apesar da aparente desorganização, ele sempre vai saber onde está cada coisa. A chave alemã que ganhou de um admirador na Rua do Senado. Os tacos de sinuca que ele mesmo desenha. A marchetaria para enfeitar um cavaquinho em que trabalha há meses. A tupia para fazer o entalhe perfeito. Paulinho gosta de comprar máquinas usadas para desmontar e remontar de seu jeito. Ri dele mesmo quando conta isso. No alto da prateleira está um rádio do tipo antigo, invariavelmente sintonizado na Rádio Ministério da Educação (é, Paulinho, que não usa internet nem para enviar e-mail, é do tipo que chama a Rádio MEC de Rádio Ministério da Educação). Foi ali que encontrou uma de suas grandes paixões.

— Eu estava trabalhando aqui mesmo na oficina e de repente entrou uma ária de “Lucia di Lammermoor”, de Donizetti, com a Maria Callas. Não sosseguei até arranjar o disco com a gravação — lembra Paulinho.

Uma biografia de Callas é destaque na mesa de centro na sala. Está ao lado de um álbum com fotografias de Pixinguinha, outra de suas paixões. Pelas paredes da sala de sinuca, fotos emolduradas em que aparece ao lado de gente como Vinicius de Moraes, Cartola, Zé Keti, Elizeth Cardoso, Elton Medeiros. Apesar de reverenciar os mestres dos antigos carnavais, Paulinho é crítico quanto ao politicamente incorreto de algumas marchinhas:

— Com “Seu cabelo” Lamartine foi infeliz. É de um outro tempo, claro, mas hoje não dá pra relativizar. O mundo inteiro está estranho. O racismo anda se revelando de outra forma, mais dura, e aí a coisa muda de figura.

Mesmo discordando de algumas de suas músicas, Lamartine tem lugar na coleção que Paulinho mantém em uma discoteca construída num anexo da sala. Nas prateleiras mais acessíveis, pistas do que ele pode estar ouvindo: Mozart, Bach, Aracy de Almeida, Elza Soares, António Zambujo e um compacto com os sambas das escolas do segundo grupo de 1979. Arranco, Arrastão, Caprichosos, Tupi de Brás de Pina. Resquício do pré-Sambódromo.

— Eu gostava mais antes, sabe? Gostava de entrar na Avenida e ouvir o público cantando bem ali pertinho. Às vezes, quando não gostavam, eles vaiavam também, mas faz parte, né? — comenta o compositor. — O Darcy Ribeiro e o Oscar Niemeyer, que bolaram o Sambódromo, são dois gênios, mas nunca tinham visto um desfile de escola de samba na vida. Botaram o povo lá no alto, distante dos componentes. Isso não ficou legal.

O Sambódromo é apenas mais um item em um rol de implicâncias atuais do compositor. Internet, tamborins acelerados, barulho no trânsito, pessoas viciadas em redes sociais, falta de tempo para se aprofundar nas coisas que realmente interessam.

Por isso, ele tem sentido cada dia mais prazer em simplesmente ficar em casa, olhando a dança dos galhos nas árvores de seu jardim. “Sair pra quê?”, pergunta rindo.

— Vou te dizer, às vezes me dá vontade de sair pela Avenida das Américas fotografando vários prédios desses modernos que construíram por toda a Barra e depois fazer um concurso para eleger o mais feio. Vai ser difícil de escolher, viu?

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Protagonismo negro e teatro documental são temas em destaque da 4ª MITsp

A Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp) anunciou na noite desta segunda-feira a programação completa da sua 4ª edição, a ser realizada entre os dias 14 e 21 de março na capital de São Paulo. Com direção artística de Antônio Araújo e direção de produção de Guilherme Marques — a dupla de idealizadores da mostra —, a MITsp 2017 apresentará um conjunto de dez espetáculos, além de seminários, debates, workshops e residências artísticas. Em entrevista ao GLOBO, Araújo contou que a realização da mostra em 2017 exigiu esforços a mais de toda a equipe de produção, em virtude do recuo de patrocinadores — alguns deixaram de investir no evento, enquanto outros mantiveram seus apoios, mas com verbas mais enxutas.

— Até novembro nós não sabíamos se iríamos ou não realizar a mostra em 2017 — conta o curador. — Chegamos a pensar em cancelar esta edição e retornar apenas em 2018, mas eu e Guilherme nos reunimos e decidimos seguir. Marcamos encontros com nossos patrocinadores, parceiros e dissemos que iríamos realizar o evento, mesmo que fosse com três espetáculos. O que nos importava, a partir daquele momento, era manter a MITsp de pé, e conseguimos mobilizar boa parte de nossos investidores. No fim das contas, apesar de todas as dificuldades financeiras, conseguimos estruturar uma programação consistente, manter o formato da MIT e, em termos de números, só estamos com um espetáculo a menos que em 2016.

Para compor seu programa de encenações, a MITsp estabeleceu três eixos curatorias: o protagonismo negro, o teatro documentário e linguagens híbridas. Para cada um desses recortes, o festival trará obras e artistas vindos de países como Alemanha, Chile, Líbano, Bélgica, África do Sul e também do Brasil — as vendas online se iniciam no próximo dia 16.

A abertura da edição 2017 ficará por conta do espetáculo belga “Avante, Marche!”, que se apresentará no Theatro Municipal de São Paulo no dia 14. Criação dirigida por Alain Platel e Frank Van Laecke, juntamente com o compositor Steven Prengels — todos integrantes da Cia. les ballets C de la B —, a montagem aposta na fusão entre concerto, dança, teatro e performance. No palco, quatro atores e sete músicos serão acompanhados por 18 instrumentistas brasileiros, sob direção do maestro Carlos Moreno. O trabalho põe em cena personagens singulares que buscam se manter unidos num único andamento, e conduz o público a acompanhar a história de um trombonista que, por conta de uma doença, precisa se despedir de seu instrumento musical e se recolher para as fileiras de trás da banda.

No recorte destinado a refletir sobre o lugar do artista negro na cena e no mundo contemporâneo, a MITsp apresenta três espetáculos que buscam, a partir de diferentes abordagens estéticas e temáticas, rever processos sociais históricos de exclusão e de racismo e seus reflexos na construção da “persona negra” no âmbito das linguagens artísticas. Entre eles estão a performance “Black Off”(Black Off), de Ntando Cele, da África do Sul, além dos espetáculos brasileiros “A missão em fragmentos: 12 cenas de descolonização em legítima defesa”, direção de Eugenio Lima, e “Branco – O cheiro do lírio e do formol”, com dramaturgia de Alexandre Dal Farra. Ainda complementa a programação o seminário “Discursos sobre o não dito: racismo e a descolonização do pensamento“, com curadoria de Eugênio Lima e Majoí Gongora.

Representante do recorte documental, o libanês Rabih Mroué é a grande aposta da edição 2017, e será apresentado ao público brasileiro a partir de uma pequena mostra de repertório, onde serão encenadas três criações de sua autoria: “Tão pouco tempo”, “Revolução em pixels” e “Cavalgando nuvens”. Ainda nessa linha curatorial a MITsp apresenta a produção chilena “Mateluna”, escrita e dirigida por Guillermo Calderón, que retorna ao festival três anos depois de apresnetar, em 2013, a peça "Escola".

Confira abaixo a lista completa de espetáculos:

“Avante, marche!” ("En avant, marche!"), da Bélgica, com direção de Alain Platel, Frank Van Laecke e Steven Prengels;

“Tão pouco tempo” ("So little time"), “Revolução em pixels” ("Pixelated revolution") e “Cavalgando nuvens” ("Riding on a cloud"), do Líbano, com texto e direção de Rabih Mroué;

“Black Off”(Black Off)", da África do Sul, com direção e performance de Ntando Cele;

“Por que o Sr. R. enlouqueceu?” ("Warum läuft Herr R. Amok?"), da Alemanha, com direção de Susanne Kennedy;

"Mateluna", do Chile, com texto e direção de Guillermo Calderón;

“Para que o céu não caia”, do Brasil, com direção e coreografia de Lia Rodrigues;

“A missão em fragmentos: 12 cenas de descolonização em legítima defesa”, do Brasil, com dramaturgia de Claudia Schapira e direção de Eugênio Lima;

“Branco – O cheiro do lírio e do formol”, do Brasil, com dramaturgia e direção de Alexandre Dal Farra;

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Festas sofisticadas ou informais movimentam o réveillon da região da Barra

RIO — É quase hora de dizer adeus a 2016. E, para que a despedida seja em grande estilo, escolher o lugar certo para presenciar a chegada do novo ano é fundamental. Este ano, a Barra e os bairros vizinhos oferecem festas nos mais diferentes formatos. Há desde jantares por R$ 300 até eventos com convites que chegam a R$ 1.400. Restaurantes, boates, hotéis e quiosques vão se transformar em locais de comemoração, cada um com uma proposta e foco em um público distinto.

réveillon 20/12

À meia-noite do dia 31, o céu da Barra e do Recreio será iluminado com uma queima de fogos de artifício promovida pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), com o apoio da Riotur, em dez pontos diferentes.

A data será um marco para empreendimentos recém-inaugurados, como o hotel Grand Hyatt Rio de Janeiro. O cinco estrelas, aberto no final de março, na Praia da Reserva, promete uma comemoração completa para os públicos brasileiro e estrangeiro. Os convidados podem comprar o pacote que dá direito à festa e à ceia. O início será na área da piscina, com um coquetel, às 20h.

O jantar especial foi elaborado com a proposta de mesclar tradições locais a rituais de outras culturas. Para tanto, os chefs dos restaurantes do hotel, Leandro Minelli, do Tano Cucina Italiana; e Miriam Moriyama, do japonês Shiso; trabalharam na criação de um menu harmônico, que pudesse integrar as duas cozinhas e pratos típicos da ceia brasileira. A diretora de experiência do cliente, Mariana Nunes, salienta que a equipe pretende oferecer novidades para o público, composto, em sua maioria, por brasileiros, argentinos e americanos:

— No Rio se faz uma ceia que visa ao público internacional, com pratos que são típicos de uma ceia tradicional. Essa é nossa oportunidade de mostrar a cara do Grand Hyatt. Estamos com uma grande expectativa, por ser nosso primeiro réveillon aqui.

A aposta dos chefs é em pratos temperados pela crença de que atraem fortuna quando degustados na virada do ano. Leandro Minelli, do Tano, traz um alimento conhecido entre os brasileiros: a lentilha será apresentada na ceia à moda italiana, complementando o bufê ao lado de massas, risotos e queijos artesanais, entre outras iguarias.

— A lentilha cozida com legumes é um prato tradicional para a virada do ano na Itália. A diferença em relação ao preparo brasileiro é que ela é cozinhada com cenoura, aipo, tomate e cebola. Aqui se usa paio ou linguiça — diz Minelli.

Já na terra do sol nascente come-se o toshikoshi soba para se despedir do ano em curso e saudar a chegada do novo, pouco antes de o dia clarear. O macarrão, preparado no Shiso, faz parte da receita do Hyatt para garantir o sucesso.

— O macarrão de trigo sarraceno (soba) atrai prosperidade quando consumido na véspera do ano novo — diz a chef Miriam Moriyama. — Usamos também o mochi, um bolinho de arroz glutinoso, consumido no ano novo para trazer fartura.

A festa, marcada para as 23h no Grand Ballroom, terá um clima mais carioca e adianta o carnaval com o Monobloco, que vai tocar clássicos do samba e do pop e marchinhas. O DJ Pachu é outra atração, com sets de estilos variados. O público ainda vai contar com um menu que harmoniza com as opções do open bar. Localizado na Avenida Lucio Costa, o hotel está entre a Praia da Barra e a Lagoa de Marapendi, onde será realizada a queima de fogos. O público poderá acompanhar o momento das varandas.

A ocupação dos quartos chegou a 60% no início do mês, com reservas, em média, de seis noites, no caso de turistas estrangeiros; e duas, no de brasileiros. A gerente de marketing e comunicação do Grand Hyatt Rio de Janeiro, Ana Carolina Trope Taunay, aposta que a procura dos cariocas pelo evento mostra que eles estão em busca de novas alternativas, mas que mantenham a cultura da cidade.

— Na nossa festa, queremos entregar uma proposta que possa atender dois públicos, o morador do Rio e quem é de fora. A ideia da festa é ser um réveillon tipicamente carioca. Estamos tentando transmitir um pouco do que é essa cultura não só na queima de fogos, mas nos menus que elaboramos e nas surpresas que colocaremos nos apartamentos — diz Ana Carolina, destacando que espera que o hotel seja inserido no calendário da região. — O mercado da Barra costuma trazer novas propostas, novas tradições. Acho que somamos às opções de lazer.

Outra debutante na virada do ano é a festa Réveillon Rio Maravilha 2017, a primeira do gênero no Hotel Royal Tulip, em São Conrado. A festa começará às 21h e se estenderá até as 6h. Minutos depois da virada do ano, o palco montado no salão nobre receberá a energia da cantora Anitta, que desfiará seus hits. Entre as atrações do evento, que terá camarotes operados pela boate All In, estarão também o projeto F***k the Format, o DJ Jeff Tavares e a dupla sertaneja carioca Ugo e Bruno.

— Vamos trazer para o show as músicas mais executadas nas rádios do país atualmente. Por ser uma festa de réveillon, estamos priorizando as músicas mais agitadas. Mas, em se tratando de sertanejo, não podemos deixar de lado a famosa sofrência — diz Bruno.

Para quem deseja pular as tradicionais sete ondas na praia durante a virada, a organização do Rio Maravilha garante o retorno aos salões do hotel com pulseiras de identificação.

OUTROS RÉVEILLONS

Enquanto a expectativa ronda os estreantes, a região tem lugares conhecidos pelo público de outros réveillons. São lugares que apostam num público que prefere curtir a festa próximo de casa e busca espaços que possam receber toda a família. De maneira geral, os convivas da festa são os os mesmos do cotidiano das casas.

Longe de queimas de fogos de artifício e de artistas do momento, mas com animação, o Espaço Don, em Vargem Grande, convida os clientes a comemorarem o primeiro dia do ano assistindo a uma soltura de balões de gás nos jardins. O restaurante, em funcionamento desde 2012, comemora seu quarto ano novo com uma festa que começa às 21h. A equipe espera receber o público cativo, em grande parte responsável por esgotar o primeiro e o segundo lotes de ingressos.

Por receber famílias, a maioria delas com crianças, haverá um esquema especial. Um parquinho foi instalado e, nesta edição, animadores vão dinamizar a recreação. Os pequenos ainda terão menu próprio, um complemento ao bufê completo, com entrada, pratos principais, sobremesas e bebidas. DJ e show ao vivo prometem manter a noite aquecida.

— Temos pessoas que vêm desde o início e, a cada edição, indicam-nos aos amigos. Esse boca a boca foi realmente o que mais fez a festa crescer — conta a gerente de eventos do Espaço Don, Cintia Prudente, ressaltando a logística da casa para a ocasião. — O jardim, nós deixamos livre, ambientando-o com algumas mesinhas perto do parquinho, para os pais que quiserem acompanhar os filhos. E há os lounges, um mobiliário de jardim em que as pessoas se revezam o tempo inteiro.

A acessibilidade para portadores de deficiências e para quem chega com carrinho de bebê é um ponto que a equipe da casa gosta de ressaltar. Além de as entradas terem rampas e o espaço entre as mesas ser amplo para facilitar o trânsito, há cuidado com o mapa das mesas no momento da reserva, quando o cliente informa sobre esta necessidade.

O restaurante pode sediar festas com até 250 convidados. Apesar de pedidos insistentes até mesmo no dia do evento, não há venda de entradas extras, destaca Cintia Prudente:

— No dia, vai estar cheio de gente aqui querendo comprar o ingresso. Tem quem diga que não precisa de mesa, mas não dá. Tira o conforto de se ter espaço, atrapalha a logística. Uma quantidade enorme de pessoas aqui dentro deixa ruim a circulação e a pista de dança.

Para quem não dispensa os ares praianos no réveillon, uma opção é o Clássico Beach Club, na Praia do Pepê, que terá um evento animado pelo som da banda Floater e pelos sets dos DJs Cobra e Roger Lyra. É a terceira edição do “Réveillon Clássico”, das 21h às 4h. Os ingressos, cujas vendas estão no segundo lote, também dão direito a um cardápio assinado pelo bufê Pimenta Rosa e a open bar.

A área da festa, que terá no máximo 200 pessoas, será delimitada por grades que tomarão uma faixa de areia, onde serão dispostas mesas e cadeiras, além das tradicionais espreguiçadeiras já características do quiosque. A proprietária, Carla Romano, conta ver principalmente grupos de amigos e famílias da Barra durante a comemoração, mas há também quem participe buscando alternativas menos disputadas do que bairros como Copacabana. Carla diz que o clima é o de um espaço onde se pode comer bem, num bom ambiente”.

— A maioria dos convidados mora perto do quiosque. Vem com criança, fica um pouco, e tem a possibilidade de levá-la para casa e depois voltar para a festa. Que é light, mas bem animada. É um espaço em que se consegue conversar com as pessoas. Não é como uma boate. É uma comemoração entre amigos, num ambiente pequeno — define.

Carla e o marido, Marcio Rodrigues — dupla à frente também do Clássico Beach Club Urca —, moldaram o estilo do quiosque a partir de experiências que tiveram em viagens. No dia a dia, a casa oferece menu criado por um chef e drinques preparados por um mixologista. A dupla considerava que o Rio carecia de um espaço à beira-mar onde se pudesse “tomar uma boa bebida e passar o dia”, explica ela. O evento de fim de ano está em sintonia com a proposta.

— No primeiro ano, o objetivo foi fazer um festão, mas vimos que o público não quer isso. As pessoas querem se sentir confortáveis — conta a proprietária. — Aqui ainda é pé na areia.

NOVA TRADIÇÃO

A chegada de 2017 será saudada com uma festa maior do que a do ano passado na região. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ) e a Rio Convention & Visitors Bureau (Rio CVB), com o apoio da Riotur, promoverão, neste réveillon, queima de fogos de artifício em dez pontos espalhados na Barra e no Recreio. Serão cinco toneladas de material, que resultarão num show de entre três e 12 minutos, com 34 tipos de efeitos e cores. Por enquanto, a região tem média de ocupação de 58,49%, mas a rede hoteleira se mostra otimista, apostando em reservas de quartos e compras de pacote de última hora, principalmente pelo público carioca.

O Hotel Hilton vai participar da festa oficial pela segunda vez. Longe da orla do bairro, marcará a virada do ano com um espetáculo em frente ao empreendimento, na Avenida Embaixador Abelardo Bueno. A programação é dividida entre a ceia realizada no Abelardo Restaurante, com bufê especial para a ocasião, e a festa, que contará com DJ e terá como atração principal o cantor e apresentador Leo Jaime, que subirá ao palco logo após a meia-noite. No menu estarão combinados pratos tradicionais da época e opções contemporâneas. A diretora do Hilton e conselheira da ABIH-RJ na Barra, Laura Castagnini, tem a expectativa de fechar o ano com ocupação próxima a 100% e atrair o público vizinho para os eventos.

— A realidade está muito acima da expectativa. É nosso segundo ano-novo, e a festa principal está quase lotada. Como o brasileiro tem a tendência de deixar tudo para o último momento, achamos que tanto a ceia como a festa vão lotar — espera Laura.

A conselheira da ABIH-RJ na Barra lembra que os investimentos no setor são parte do legado olímpico. No ano passado, quando novas cadeias chegaram — Hilton entre elas —, o público vizinho, isto é, moradores de bairros próximos, começou a ser cortejado, salienta.

— Mostramos, assim como outros hotéis, que temos opções de qualidade e mais convidativas. Ao mesmo tempo, a iniciativa privada fez um investimento grande na queima de fogos. Sempre foi nossa intenção mostrar a região para os órgãos públicos. A Olimpíada colocou a Barra no mapa, e a Riotur entende isso.

No Windsor Barra, as festas de fim de ano já são uma tradição. Desta vez, a ideia é transportar os convivas para outro continente, com a ceia temática “Um safári na África”. Pratos típicos vão dividir a mesa com quitutes brasileiros. A proposta foi do gerente-geral de alimentação e bebidas, Joatan Franco de Queros, para deixar o jantar comemorativo nos mesmos moldes do realizado na unidade do Windsor em Copacabana.

Países como Grécia, Marrocos e França já serviram de inspiração para edições passadas. Este ano, a expectativa é que o cantinho da foto, com um jipe estilizado, faça a alegria dos convidados. Queros diz que a festa do Windsor é muito procurada por famílias, principalmente as com crianças, um público que sempre merece atenção especial. Os pequenos convidados têm direito a recreação durante toda a festa (das 21h às 5h) e berçário, área reservada para recarregar as energias com um cochilo.

— A Barra é um lugar tranquilo, onde se pode trazer a família para jantar. As pessoas vêm andando e voltam andando. Tem quem fique até as 5h. São clientes que fazem parte dos nossos dez anos — conta o gerente.

O hotel também promove queima de fogos. O show de luzes e som é brindado com uma garrafa de espumante, inclusa no pacote da festa, que dá direito também a taças personalizadas. A animação fica completa com a apresentação da banda Anjos da Noite.

Haverá queima de fogos ainda nos hotéis Sheraton, Brisa Barra, Grand Hyatt, Ramada Recreio Shopping, Venit + Mio e Praia do Pontal, no VillageMall e no Quebra-Mar. (Colaborou: Rodrigo Berthone)

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Artigo: Antes de 1916, por Nei Lopes

Alguns antigos dicionários da língua brasileira, como o de Macedo Soares, publicado em 1888 e o de Beaurepaire-Rohan, do ano seguinte, verbetizaram o substantivo masculino “samba”, definindo-o apenas como um tipo de dança. Da mesma forma ocorreu com o “Dicionário da língua portuguesa”, de Cândido de Figueiredo, em 1899. Isso confirma a constatação do indispensável José Ramos Tinhorão, segundo a qual, antes de seu objeto ser visto e definido como gênero de música popular “cultivada conscientemente”, a designação samba se aplicava a qualquer estribilho batucado, de feição africana.

Links Especial 100 anos de sambaRealmente, em diversas obras da literatura brasileira com ação no meio rural, escritas no século XIX ou no início do seguinte, ocorrem referências a danças animadas por refrões e batucadas, mencionadas como batuques ou sambas, denominações essas estendidas aos eventos em que elas se realizavam. Assim, no clássico “Os sertões”, Euclides da Cunha escreveu: “Encourados de novo, seguem para os sambas e cateretês ruidosos...”. E isto quase ao mesmo tempo em que o memorialista baiano Manuel Querino, em 1916, escrevia: “Aqui era o samba arrojado, melodioso, enquanto as morenas, entregues a um miudinho de fazer paixão, entoavam as chulas”.

Com Querino, vemos que os simples refrãos já eram enriquecidos com esboços ou fragmentos de versos rimados. E é de supor-se que isso tenha acontecido em todas as regiões onde a mão de obra de trabalhadores bantos, provenientes da África centro-ocidental (Congo e Angola) foi utilizada. Pois a presença desses bantos foi majoritária no Brasil escravista e a mais impactante na formação da nacionalidade brasileira. E é entre línguas do universo banto, como o quicongo e o quioco, que se registra o vocábulo samba na acepção de dança.

Claro, então, que antes de 1916 já havia samba em várias localidades brasileiras, principalmente rurais e notadamente na Bahia, de onde migrou para o Rio a comunidade de Tia Ciata. Não obstante, a nascente indústria fonográfica, implantada no país ainda no século XIX, segundo autores respeitados como Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, já tinha entregado ao consumo gravações rotuladas como sambas, como “Em casa da baiana”, de 1911, anunciado na gravação como “samba de partido-alto”, e “A viola está magoada”, de 1914, também rotulada como samba, aliás, nascido no meio rural paulista.

Mas o que celebramos agora é a gravação de “Pelo telefone”, em 1916. E essa gravação, além de legitimar um protótipo do samba urbano então nascente (já com letra completamente desenvolvida), é também o primeiro exemplar do gênero a ganhar “certidão de nascimento”, expressa numa declaração formal de autoria (a comprovação de autoria por registro só foi legalmente instituída em 1973) feita por Donga e Mauro de Almeida.

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Grazi Massafera disputa o Emmy Internacional com Judi Dench

RIO — Grazi Massafera está rindo por último. Amanhã à noite, a paranaense de Jacarezinho verá seu nome ser anunciado durante a cerimônia do Emmy Internacional, realizada em Nova York. Ela concorre à estatueta de melhor atriz com a veterana Judi Dench (pela produção britânica “Roald Dahl’s Esio Trot”), além da alemã Christiane Paul e da filipina Jodi Sta. Maria. Este ano, o Brasil teve sete indicações em seis categorias. Links TV 2011

Criticada no início da carreira, Grazi, ex-miss Paraná, enfrentou uma série de preconceitos ao estrear nas novelas há dez anos em “Páginas da vida”, depois de ficar em segundo lugar na quinta edição do “Big Borther Brasil”, em 2005.

Atriz que interpretou várias mocinhas ao longo da carreira na Globo, em tramas como “Negócio da China” (2008), “Aquele beijo” (2011) e “Flor do Caribe” (2013), ela foi indicada ao prêmio internacional por seu trabalho em “Verdades secretas”, novela exibida no ano passado na faixa das 23h. Na história, viveu Larissa, uma modelo que se prostituía e acabava definhando diante do público após se viciar em crack:

— Li que as pessoas falaram que eu estava pessimista (sobre o Emmy). Essa não é a palavra. Estou realista, no caso. Sou fã da Judi Dench. Ainda não conhecia o trabalho das outras atrizes que estão concorrendo, mas fiz uma pesquisa para chegar lá sabendo o que elas fizeram. Judi é uma atriz maravilhosa e acho mais natural que (o prêmio) fique com ela.

Autor de “Verdades secretas”, Walcyr Carrasco diz que sempre soube que Grazi daria conta do papel.

— Bastou vê-la no teste para saber que ela seria Larissa. Foi impressionante. Ali, ela mostrou uma Grazi que nunca pensei existir— recorda.

No ar no horário nobre da Globo na novela “A lei do amor”, Grazi conversou com o GLOBO, na semana passada, durante um dos intervalos das gravações da novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari. Depois de mergulhar no drama de Larissa, ela agora experimenta a comédia no papel da ex-garota de programa Luciane, que sonha em se tornar primeira-dama da fictícia cidade de São Dimas.

Em sua nona novela, a atriz de 34 anos comemora a oportunidade de defender dois papéis tão diferentes num curto espaço de tempo. E admite que há uma forte cobrança em torno do seu trabalho.

— Mas é muito mais da minha parte — acrescenta.

Para Grazi, a maior dificuldade ao interpretar Luciane, um tipo exuberante, divertido e ligeiramente vulgar, é justamente não cair em um estereótipo.

— Procuro encontrar o máximo de nuances e fazer com muita naturalidade para que fique real. Luciane é uma personagem que pode tudo. Ali cabe qualquer trejeito, qualquer meme — ressalta a atriz.

No ar há um mês e meio, Grazi já encontrou uma espécie de marca registrada na personagem de “A lei do amor”, que acentua todos os erres das palavras — como ela mesma, aliás. Luciane joga a longa cabeleira toda para um só lado sempre que quer chamar a atenção.

— É uma personagem de autoestima muito elevada, nada a abala. Quando entro em cena sinto como se estivesse o tempo inteiro em ritmo de dança. Ela me exige uma energia constante. E essa é uma dificuldade a ser superada diariamente — explica.

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Bruno Gagliasso é esperado em delegacia para prestar queixa de racismo

RIO - O ator Bruno Gagliasso e a mulher, a atriz Giovanna Ewbank, devem prestar depoimento na polícia nesta quarta-feira sobre comentários racistas contra a filha Titi, de 2 anos. Os dois são esperados na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), na Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte. Na página do Instagram de Giovanna, um internauta, cujo perfil já foi excluído, fez comentários racistas sobre uma foto postada pela atriz na semana passada: “Vocês tinham que adotar uma menina de olhos azuis, isso sim iria combinar, e não aquela pretinha que parece uma macaquinha #lugardepretoénaáfrica. Racismo - 19/09

'AGORA CABE À POLÍCIA'

No domingo, Gagliasso participou do programa “Domingão do Faustão” como jurado do quadro “Dança dos Famosos” e disse que, em relação ao preconceito, é preciso ser intolerante.

— Minha filha tem algo que esses caras não têm: amor. Em relação ao preconceito, a gente tem que ser intolerante. Eu fiz o que eu tinha que fazer. Agora cabe à polícia. Temos policiais bons e vão descobrir — disse Bruno Gagliasso, durante o programa.

ADOÇÃO EM VIAGEM À ÁFRICA

Faustão lembrou que o casal decidiu adotar a menina quando Giovanna Ewbank fez uma viagem à África para fazer uma reportagem para o programa. Bruno Gagliasso disse que durante um ano e dois meses, ele e a mulher viajaram sete vez para o continente africano e chegaram a fixar residência antes de adotar Titi

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‘Minha filha tem algo que esses caras não têm: amor’, diz Bruno Gagliasso

RIO - O ator Bruno Gagliasso, que participou do programa “Domingão do Faustão” como jurado do quadro “Dança dos Famosos” disse que em relação ao preconceito é preciso ser intolerante. Bruno e sua mulher, Giovanna Ewbank irão à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) para prestar queixas contra comentários racistas direcionados à filha Titi, de 2 anos.

— Minha filha tem algo que esses caras não têm: amor. Em relação ao preconceito, a gente tem que ser intolerante. Eu fiz o que eu tinha que fazer. Agora cabe à polícia. Temos policiais bons e vão descobrir — disse Bruno Gagliasso, durante o programa.

Na página do Instagram de Giovanna, um internauta, cujo perfil já foi excluído, fez comentários racistas sobre uma foto postada pela atriz na última terça-feira: “Vocês tinham que adotar uma menina de olhos azuis, isso sim iria combinar, e não aquela pretinha que parece uma macaquinha #lugardepretoénaáfrica.

Faustão lembrou que o casal decidiu adotar a menina quando Giovanna Ewbank fez uma viagem à África para fazer uma reportagem para o programa. Bruno Gagliasso disse que durante um ano e dois meses, ele e a mulher viajaram sete vez para o continente africano e chegaram a fixar residência antes de adotar Titi

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Apresentação de dança celebra o mês da Consciência Negra


A companhia de dança moderna Lekan Dance vai se apresentar terça-feira, 15, às 20h, no Teatro Jorge Amado. O grupo vai apresentar os espetáculos Negra Fé e Vozes da África, onde os bailarinos usam uma nova linguagem corporal, dando vida aos legendários deuses da mitologia do Phanteon Africano, celebrando o mês da Consciência Negra.Baseado nos Itans do Phateon Africano, o fragmento Negra Fé explora a liberdade em formas variadas. [Leia mais...] (webremix.info)


Os Jogos e a economia criativa

O legado da Rio 2016 certamente será objeto de muitos estudos e textos de especialistas, sob diversos pontos de vista: da economia, da cidadania, da mobilidade, do urbanismo, entre outros. Mas há uma conquista que se evidencia na maneira com que os moradores ocuparam a cidade, com a revitalização do Centro e da Zona Portuária: o Rio se reencontra com a sua história, com a sua cultura e com o jeito de ser carioca. E é muito importante entender o significado deste resgate na hora de construir um projeto para o Rio depois da Olimpíada. A cultura é um valor econômico.

Já há algum tempo, a ONU entende que as novas tecnologias e a organização da sociedade do conhecimento em rede geram oportunidades para atividades derivadas da cultura, como produção audiovisual, música, artes, gastronomia, moda, design, games e softwares. É a chamada economia criativa, baseada na inovação e na criação de valor, tendo cultura e criatividade como matéria-prima. O setor, segundo a Firjan, já representa 2,6 % do PIB nacional e gera empregos num ritmo acima da média da economia tradicional.

Nesse sentido, as obras na região nos deram muito mais que a Orla Conde, o VLT , o Boulervard Olímpico e museus. Reviraram pedras e entulhos que escondiam uma parte importante da formação do Rio. Resgataram elementos culturais que podem trazer mais valor para a cidade. Não são apenas marcos históricos, monumentos recuperados. Mas a expressão da nossa cultura, das nossas origens. Talvez por isso tenham sido tão rapidamente incorporados à vida da cidade. O samba voltou com força à Pedra do Sal, a feijoada é celebrada nos bares da região, o lugar ganhou cores da África.

Por que parece tão importante destacar estas manifestações, entre tantas atrações que a cidade oferece? O Rio se tornou uma cidade internacional e muitas de suas características foram sendo desfiguradas por uma estética e costumes padronizados. Sumiram muitos restaurantes portugueses, edifícios espelhados ocuparam o lugar de prédios históricos, e a música internacional dominou muitas de nossas casas de espetáculos. Nada contra. Mas os turistas, nestes tempos de mundo globalizado, visitam cidades em busca de conexões vivas com a arte, a música, a gastronomia, a história do lugar. Desejam trocar experiências reais com o povo e a cultura da cidade.

Neste ponto, é importante ressaltar que a cultura ajuda o turismo, e o turismo é um forte indutor para o crescimento da economia do Rio. O turismo vai além dos nossos cartões postais: Corcovado, Pão de Açúcar, praias lindas e Maracanã. A cidade apresenta a opção de um turismo mais qualificado, de maior permanência e envolvimento, o turismo de convivência. E isto nem toda cidade pode oferecer: a roda de samba, a celebração do pôr do sol no Arpoador, a dança do passinho, a comida de botequim, o altinho na praia. Esse cardápio da diversidade cultural foi ampliado com a redescoberta da área portuária. E crescerá com a requalificação de espaços urbanos e a recuperação de prédios públicos históricos.

Na sociedade em rede, em que se estabelecem novas conexões na forma de abordar questões antigas, o Rio se apresenta como lugar propício ao desenvolvimento desta nova economia, que se vale da cultura e do conhecimento para conectar o local com o global. Para transformar cultura em valor. Bairros recriados, VLT ligando passado e futuro, coletivos, escritórios compartilhados, hostels, ciclovias, eventos financiados por crowdfunding... Sem dúvida, a economia criativa é um caminho para o novo Rio, que renasceu com a Olimpíada. Um Rio melhor. Aqui e agora.

Sandra Sanches é jornalista e integra o Núcleo de Economia Criativa da Escola Superior de Propaganda e Marketing

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Guia mapeia atrações e novidades da Chapada Diamantina

RIO - Há trilhas na Chapada Diamantina que levam a cavernas e cachoeiras de águas azuis cristalinas, num cenário com espécies de flores e fauna abundantes pouco explorado, desconhecido de muitos. Não à toa, tanto há a percorrer: o Parque Nacional da Chapada Diamantina, que fica a cerca de 430 quilômetros de Salvador, ocupa um território de 1,5 mil quilômetros quadrados do noroeste baiano, abriga 24 municípios, mais de 300 cachoeiras e 150 grutas.

BV-Bahia

Quem vai até lá garante que a experiência é única. Pois agora, ficou mais fácil chegar. Foi lançado este ano o “Guia completo da Chapada Diamantina”, publicação que contém informações não só sobre trilhas e locais mais famosos, como o Vale do Pati e o Poço Encantado, como cataloga caminhos que antes não eram mapeados — e que levam a cachoeiras desertas, como a da Encantada, ainda pouco visitada por turistas. São 21 novas atrações, que vão desde atividades de aventura criadas agora até rotas recentemente reveladas para passeios já conhecidos.

Guia em formato digital

O guia foi elaborado em parceria com os agentes de turismo da região. Ele está disponível em formatos de revista impressa, ao preço de R$ 49; de aplicativo, gratuito, para os sistemas operacionais IOS e Android; e também no site oficial da publicação.

Além dos passeios pela natureza, o mapeamento inclui todas as pousadas, hotéis e albergues das cidades, além dos locais, no parque e fora dele, onde é possível acampar. Os municípios da chapada ainda oferecem atrativos gastronômicos, históricos e culturais. Os principais pontos de partida para quem vai entrar pelo parque é a cidade de Lençóis, mas outros municípios como Andaraí e Palmeiras também oferecem boas opções de acomodação.

Para Branca Pires, uma das responsáveis pelo guia, conhecer toda a área requer tempo e organização:

— É preciso ficar no mínimo cinco dias na chapada, para conseguir conhecê-la devidamente. Os atrativos estão longe uns dos outros, e um dos benefícios do guia é que ele está dividido por regiões, facilitando muito a localização das informações.

Em cada bloco, continua Louise, o leitor encontra um descritivo geral das cidades, seus principais atrativos, serviços turísticos e mapa. Desta forma, o turista pode se localizar no município e saber, por exemplo, onde está a sua pousada, sua agência ou alguma loja que deseje ir.

Algumas atividades de aventura chegaram há pouco tempo à região. Profissionais e empresas capacitados já oferecem voos livre e de paramotor, além de stand-up paddle em algumas áreas. Outros passeios tradicionais da chapada foram reeditados. É o caso dos quatro novos roteiros do Vale do Pati, o belo e mais conhecido da região, mas que também só pode ser feito com guia.

Já entre os caminhos pouco visitados e que estão mapeados, há as cachoeiras do município de Itaetê, um dos segredos mais bem guardados da região. As quedas d’água de Herculano, Encantada e Bom Jardim são acessíveis via caminhadas de níveis que variam entre fácil e intermediário, pela mata baixa, típica do semiárido. No caminho, répteis, aves e mamíferos — entre eles o rato-de-espinho e o morceguinho-do-cerrado — podem ser avistados.

Aliás, a Diamantina é ponto importante para a observação de pássaros. Estão ali espécies endêmicas, como o beija-flor-de-gravata-verde, a gralha do cerrado e a rolinha-do-planalto. Outras usam o local como parada em suas rotas de viagens pelo planeta. Mais de 300 espécies de aves circulam por ali. O semiárido é um dos ecossistemas mais ricos do mundo, com uma das maiores diversidades em espécies de flores. Na chapada, é possível observar orquídeas, bromélias e sempre-vivas endêmicas, que florescem todo o ano.

Na visita à região, a ida ao Morro do Pai Inácio, cartão-postal, e o mergulho no Poço Azul não podem ficar de fora. Alguns passeios podem ser feitos a pé, mas na maioria, melhor usar o carro, já que as distâncias são grandes. E, lembre-se, sempre acompanhado de profissionais.

Arte rupestre, turismo rural e comunitário

Para os turistas que vão à Chapada Diamantina, o contato com a natureza virgem é o ponto alto. Mas não só de fauna e flora vive a região. Sua arte rupestre é uma das mais ricas do país: muitas obras já estão mapeadas e merecem ser visitadas.

A principal delas fica no município de Morro do Chapéu, na área que é conhecida como a Chapada Norte. São mais de 200 sítios arqueológicos, todos integrantes do “Programa de pesquisa e manejo de sítios de arte rupestre e circuitos arqueológicos da Chapada Diamantina”, desenvolvido pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Com território diferenciado e único, o Morro do Chapéu apresenta um verdadeiro mosaico de pinturas, com formas geométricas e abstratas. Em Jacobina, conhecida como a “Cidade do ouro”, também é possível viajar por esta arte milenar.

Rural e comunitária

Há ainda opções de turismo rural, que consegue aliar o que há de melhor na região com atividades como cavalgadas e degustação de alimentos locais. A produção de cachaça artesanal, que já é um clássico pelo interior do Brasil, é um dos exemplos. Na Fazenda Pousada Vaccaro, localizada na cidade de Rio das Contas, é possível não apenas degustar a mais nacional das bebidas, como participar do processo de produção. Assim como praticar tirolesa e rapel.

No guia, também estão listadas atividades de turismo comunitário. Uma delas é promovida pela Associação Grãos de Luz, sediada em Lençóis, que desenvolve um projeto pedagógico de educação informal nas comunidades da região. A inspiração vem do Griô, um personagem mítico que percorria os sertões da África, contando as histórias do seu povo.

Através das trilhas griôs, podem ser seguidos vários roteiros turísticos, combinando hospedagem em comunidades quilombolas e assentamentos, com banho de rios e cachoeiras, oficinas para fabricação de produtos artesanais, rodas de conversa e apresentações culturais. A agência Trilhas Griô, formada por jovens nativos, realiza estes passeios, feitos ao som de canções regionais.

HISTÓRIA DO GARIMPO

Conhecer o Rancho do Garimpeiro, na cidade de Lençóis, é uma outra forma de entrar na vida dos moradores. O espaço é dedicado à preservação da memória do garimpo de serra, atividade que foi muito difundida na região. Ali, há ferramentas, roupas e ranchos de taipa e barro onde esses trabalhadores se abrigavam. Além da réplica dos locais em que eles buscavam as pedras.

Festivais, arte e gastronomia

Os 24 municípios integrados à Chapada Diamantina têm brilho próprio: contam com atrações culturais, como festivais, e outros eventos que acontecem ao longo de todo o ano. É possível se hospedar em qualquer um deles, mas Lençóis costuma ser o principal ponto de partida para atividades turísticas. Por lá, opções culinárias não faltam. A cidade oferece opções que vão desde a cozinha contemporânea, em restaurantes como o Azul e o Cozinha Aberta, até outras voltadas para a gastronomia local, como o Fazenda e Cia.

Outro destaque no município são os tours pelos ateliês da cidade. Na Rua das Pedras, fica o de dona Edite, onde estão expostas as peças que ela confecciona desde pequena, em palha de coco e barro, como cestos e panelas. Ana Barros é outra com ateliê na mesma via, que já virou ponto turístico da região. Há mais de 20 anos, a artista cria bonecos que retratam a vida das mulheres quilombolas e nordestinas, através de materiais como papel machê e tecido.

Mais um ponto de visitação que tem feito sucesso na cidade: o Lavanda da Chapada, projeto que surgiu em 2015 e abarca 30 pessoas de uma mesma família, que cultivam a flor conhecida como lavanda-do-mar, de longa durabilidade após a colheita. Na visita, é possível acompanhar todo o processo de cultivo e o cuidado com a planta que, como diz o nome, é nativa da região. Os buquês colhidos estão expostos permanentemente no aeroporto de Lençóis.

Em Igatu, distrito de Andaraí — um dos principais municípios da região, localizado a cerca de 100km de Lençóis — está a Galeria Arte & Memória, um museu a céu aberto, montado entre ruínas de antigas habitações, evidenciando a presença garimpeira por ali durante o século XIX e exaltando os vestígios dessa ocupação.

O espaço está incorporado a um conjunto de habitações garimpeiras, totalmente em ruínas, remanescente da época áurea da mineração de diamantes na Bahia. O local agrega um acervo de arte contemporânea e promove exposições de diferentes vertentes artísticas. No local, também estão expostos utensílios usados naquela ocasião.

É possível conhecer de perto uma antiga mina, reaberta por ex-garimpeiros do distrito para receber turistas. Durante a visita, eles próprios apresentam um pouco da história do ofício na região, incluindo ferramentas específicas e uma curiosa instalação artística: no salão principal, estão expostas esculturas representando os homens que trabalhavam no local. A obra foi produzida pelos empreendedores sob a direção do artista plástico Marcos Zacaríades. Na entrada da mina, ainda há um poço para banho, e a taxa de visitação sai a R$ 5.

A arte local da chapada é, de longe, o principal atrativo das cidades, e conhecer as formas de produção são programas que não faltam pela região. No município de Morro do Chapéu, a cerca de 160km de Lençóis, é possível visitar a Associação de Bordadeiras e Artesãos Morrenses, de graça, mas com visitação agendada. O grupo elabora produtos que contam o cotidiano da população baiana do semi árido. Em pinturas e peças de madeira e cerâmica. A entidade oferece cursos, e os trabalhos produzidos estão no Mercado Cultural de Morro do Chapéu.

A alta temporada na região vai de abril a novembro, mas há programação o ano inteiro, com diversos festivais e eventos turísticos. Entre eles estão o Ressonar, a Mostra de Dança e o Festival de Lençóis (todos em Lençóis) e o Escalada de Igatu Boulder (em Igatu, distrito de Andaraí).

Dicas para explorar a região

Melhor época. A alta temporada vai de abril a novembro, sendo que muitas trilhas e passeios têm o número de frequentadores controlado. O ideal é reservar com antecedência.

Apoio. É fundamental contratar guias: há trilhas longas e cenários desertos.

Preservação. Obedeça às regras já conhecidas: não deixe rastros, leve seu lixo embora, não interaja com os animais. Fazer fogueira é proibido.

O que levar? Tênis para caminhada, roupa leve, protetor solar, chapéu, óculos escuros e repelente.

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Totó La Momposina traz ao Brasil sua música colombiana e universal (webremix.info)


Crítica: A África expandida de Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz (webremix.info)


Crítica: ‘Ivetemachine’ em novo teste de fôlego

RIO — Da mesma forma que o cenário paradisíaco de Trancoso entra em segundo plano logo que o show começa, o tal “acústico” só existe tecnicamente no novo DVD/CD duplo de Ivete Sangalo. Não importa quais sejam os artifícios da embalagem — não há, aqui, nada muito além de Ivete, do seu eletromagnetismo e de seu carnaval que nunca termina.

Dona absoluta do palco e do público, Ivetemachine não sossega. “Pessoa do movimento” (como se define), ela não inventa — e segue em alta velocidade por um roteiro sequenciado.

O início é a noite tropicaliente, onde a Bahia encontra o Caribe num caldeirão fervendo de sopros — desacelerar, só no recurso cinematográfico de slow motion que serve para destacar, aqui e ali, um dos passos de dança. Pé no chão, a cantora se engaja com a sua cozinha num batuque e mostra que é gente como a gente. Ivete apresenta a música para o filho, a voz embarga, mas o sentimentalismo é só um tempero — longas distâncias têm que ser cumpridas.

A cantora ainda tem posições a marcar no reggae (inclusive naquele tipo mais radiofônico e romântico, tocado com ukulele, que é o caso de “Seus planos”), nas baladas, no samba-rock, no soul meio Roberto Carlos (com a boa “Candura”, de Max de Castro) e na bossa (com “Se eu não te amasse tanto assim”). Mas é muita coisa — não dá para evitar um certo cansaço (do ouvinte) quando Ivete entra na reta final, com os funks lincolnolivettianos “Mesma sintonia”, “O melhor pra mim” e “O farol”. Eis aí um “Acústico” contraindicado para quem tem problemas de fôlego.

Cotação: Regular.

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Ensino de idiomas proporciona troca cultural e chances de trabalho a refugiados na região

Com a proposta de promover o ensino de línguas, trocas culturais e geração de renda a refugiados no Brasil, a ONG Abraço Cultural iniciou suas atividades no Rio. A entidade oferece cursos de inglês, francês, espanhol e árabe que custam a partir de R$ 550 e o programa inclui debates e palestras sobre a cultura dos países de origem dos professores, que são remunerados pelo trabalho em sala.

Sucesso em São Paulo desde 2015, quando foi criado por outra ONG, a Atados, o Abraço Cultural tem como objetivo a inclusão de refugiados na realidade brasileira, oferendo oportunidades concretas de trabalho, algo que nem todos os que chegam ao Brasil conseguem.

No Rio há quase um ano e meio, o congolês Audrey Mandala, de 27 anos, é um dos beneficiados pelo trabalho. Ele conta que foi bem recebido no país e que conseguiu regularizar sua situação facilmente, mas diz que o mesmo não aconteceu com muitos amigos e conhecidos.

— Nem todos conseguem achar um emprego com respeito e dignidade. Há injustiça e preconceito pelo fato de sermos estrangeiros e refugiados, sobretudo nas empresas — conta.

Vindo da República Democrática do Congo, onde já trabalhou como professor, ele diz que chegou a ser preso por causa dos conflitos no país, o maior da África subsaariana, que está mergulhado em uma das crises humanitárias mais graves de que se tem notícia, com quase cinco milhões de mortos desde o início do conflito, em 1997, e mais meio milhão de refugiados espalhados pelo mundo, segundo a ONU. Mandala dá aulas de francês no Abraço Cultural e também é escritor. Terminou recentemente um livro de poesias que fala sobre a cultura africana, e que está sendo traduzido para o português.

No programa dos cursos de línguas estão previstas aulas dedicadas à troca de experiências culturais entre professores e alunos. Nelas, são propostos temas relacionados a culinária, dança, música, literatura, cinema, curiosidades, política e história.

— Mais do que trabalhar para ganhar dinheiro, a parte mais interessante é a integração e troca de experiências. Pode-se aprender muitas coisas e tenho muito orgulho em passar o que tenho. A África tem uma historia, uma cultura e um monte de coisas boas que podem ser apresentadas ao mundo — conta.

A coordenadora do Abraço Cultural no Rio, Tatiana Rodrigues, foi uma das pessoas que ajudaram a implantar o projeto na cidade e explica que a equipe conta com administradores, comunicadores, pedagogos e outros voluntários que dão apoio ao treinamento e capacitação dos professores, que são encontrados através de uma parceria feita com a Cáritas, entidade de atuação social e defesa dos direitos humanos ligada à Igreja Católica, vinculada à ONU. Ela destaca a importância de oferecer oportunidades remuneradas aos refugiados:

— Ajuda a acabar com o estereótipo e estigma de que eles são “pobres coitados”. Os professores são jovens, frequentam festas e têm muito a compartilhar e a enriquecer nossa vida — conta.

No Rio, as aulas são ministradas na Casa de Cultura Habonim Dror e na sede da rede Meu Rio, ambas em Botafogo. A segunda leva de cursos começou segunda e teve as inscrições esgotadas rapidamente. Quem quiser participar deve ficar atento no site www.abracocultural.com.br para fazer as inscrições das novas turmas com início em 29 de agosto, cujas inscrições devem abrir a partir do dia 1º. O curso tem material didático e método de ensino próprios, aulas regulares duas vezes por semana, com duração de uma hora e meia cada, além de uma aula cultural por mês.

No primeiro ano de funcionamento do Abraço Cultural na capital paulistana, 350 alunos tiveram aulas com 25 professores. Agora já são 480 alunos inscritos, 40 refugiados capacitados como professores de países como Venezuela, Síria, Haiti, Nigéria e Cuba e 53 turmas em São Paulo e no Rio.

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Em Alter do Chão, a rotina é ditada pelas águas do Tapajós

SANTARÉM - Até poucos anos atrás, Alter do Chão era apenas uma pacata vila à beira do Rio Tapajós, a 38km de carro de Santarém. Um segredo bem guardado entre os habitantes da terceira maior cidade do Pará. A situação começou a mudar em abril de 2009, quando o jornal britânico “The Guardian” publicou uma lista com as dez melhores praias do Brasil. Ao lado de Fernando de Noronha, Taipus de Fora e Lopes Mendes, na Ilha Grande, lá estava Alter, abrindo a relação, deixando o anonimato e saltando à condição de praia de rio mais famosa do país.

BV_NorteA fama não subiu à cabeça do lugar, que tem 8.500 habitantes, a maioria descendentes de índios borari. O ecoturista saiu ganhando, pois a estrutura melhorou. Surgiram pousadas, lojinhas, bares e restaurantes, mas a essência permaneceu e a vida em Alter do Chão segue tranquila — exceções feitas à recente passagem da tocha olímpica e ao Festival do Sairé, em setembro —, com ruas pouco movimentadas e rotina ditada pelo Tapajós.

De dezembro a maio é estação das chuvas. O rio ganha volume e sobe impiedoso. As águas do Tapajós encobrem praias, quiosques e o que mais estiver ao alcance. Elas vão baixando a partir de junho, e em julho as praias que fazem a fama de Alter do Chão começam a aparecer. Onde antes só havia água, surge uma ponta de areia branca com centenas de metros de extensão. Barquinhos vão para lá e para cá, levando turistas a diversas praias, em especial à Ilha do Amor.

O visual, combinado às águas claras do Tapajós, rendeu a Alter do Chão o apelido de “Caribe da Amazônia”. Pode soar exagerado, mas vá pensar nisso após um dia mergulhando nas calmas e quentes águas do rio, olhando um pôr do sol de tirar o fôlego, tendo o canto dos pássaros como trilha sonora. É de se perdoar qualquer exagero.

ALTER DO CHÃO: LABIRINTO AQUÁTICO E FLORESTA ENCANTADA

Localizada bem em frente ao centrinho de Alter do Chão, a Ilha do Amor é a preferida dos turistas. Não é difícil entender o porquê. A faixa de areia branquinha abriga inúmeros quiosques que servem a imbatível combinação de peixe frito (entre outros petiscos) e cerveja gelada. Para chegar lá é só pegar uma catraia (barquinho de madeira) no pequeno cais local, a módicos R$ 5 para até quatro pessoas.

Partindo da Ilha do Amor, aventureiros podem encarar uma trilha de uma hora até o topo da Serra da Piroca, o ponto mais alto de Alter, com 110 metros de altura. Dali é possível ter uma bela vista do “Caribe da Amazônia”.

Também próximas do centro estão as praias do Cajueiro e Pequena, boas opções para quem não quer perder muito tempo de deslocamento. Para quem quer um pouco mais de sossego, a pedida é navegar um pouco mais, em um lancha rápida (R$ 100 para até oito pessoas), até a Ponta do Cururu ou a Ponta do Muretá. Nelas reina a tranquilidade, sem quiosques ou vendedores, mas com uma posição privilegiada para apreciar o estonteante pôr do sol no Tapajós.

‘Becos’ e ‘vielas’ de igarapés

Difícil conceber isso, mas digamos que você cansou de mergulhar no Tapajós. Que tal então conhecer a Floresta Encantada do Caranazal? O passeio tem nome que parece ter saído de uma atração de parque temático, mas consiste em navegar lentamente por um verdadeiro labirinto aquático formado quando as águas dos igarapés sobem e transbordam.

Em uma canoa que comporta até quatro pessoas (R$ 30), o guia rema por até 60 minutos, percorrendo ‘becos’ e ‘vielas’. A água cristalina como espelho gera um visual incrível, com raízes e copas de árvores se misturando. O silêncio só é quebrado pelo canto dos pássaros.

À noite, a Praça Sete de Setembro se torna o “centro nervoso” de Alter do Chão. Cercada por lojinhas de artesanato, bares e restaurantes, que fervem na alta temporada, a praça tem ainda um palco que recebe apresentações musicais e circenses.

Festa em setembro

A propósito, se você quer ‘ferveção’ em Alter, já reserve passagens e hotel para 15 a 19 de setembro. Nesses dias a vila recebe o Festival Folclórico do Sairé, mais antiga manifestação da cultura popular da Amazônia, com mais de três séculos de tradição.

A festa mistura tradições religiosas e profanas, com exibições de dança dos ritmos locais, como o carimbó, e representações do confronto entre os botos tucuxi e cor-de-rosa, que, segundo o folclore local, disputam as mulheres da região amazônica. Na época do Sairé, a região costuma receber a visita de até cem mil pessoas.

SANTARÉM: VAIVÉM NA ORLA RENOVADA

Terceira maior cidade do Pará, com 300 mil habitantes, Santarém não está exatamente no topo da lista de destinos turísticos do Brasil. Mesmo dentro do estado, atrações como Belém, Ilha de Marajó e Alter do Chão são os locais mais procurados pelos visitantes. A “Pérola do Tapajós”, como é conhecida, vem ultimamente tentando tirar proveito da alta procura por Alter, que é distrito de Santarém, para cativar os turistas.

Fundada em 1661, Santarém cresceu à beira do Tapajós. E é ali, de frente para o rio, que quase tudo acontece na cidade. A remodelada orla, com amplo calçadão e quiosques, é um convite para uma caminhada despretensiosa, observando o vaivém de pequenas canoas, dos pescadores e dos grandes barcos. O Terminal Fluvial Turístico é movimentado, com saídas para Manaus, Belém, Macapá e dezenas de outras cidades.

Dali mesmo saem passeios para o encontro das águas do Tapajós e Amazonas. Margeando a orla está o Tapajós, com águas claras e quentes. Do outro lado, mais distante, vem o Amazonas, com águas barrentas e frias. Elas correm paralelas por longa extensão, mas não se misturam. No mesmo passeio, não é preciso contar com muita sorte para avistar o animal que inspirou tantas lendas na Amazônia. O boto cor-de-rosa não se aproxima tanto do barco, mas se exibe tirando quase todo o corpo da água, enquanto famílias do boto cinza, o tucuxi, aproveitam a fartura de peixes nas águas do Amazonas para se alimentar sem se importar com a presença dos turistas.

Saindo do terminal fluvial, basta atravessar a Avenida Tapajós para alcançar o Centro Cultural João Fona, bela construção do século XIX. O casarão já serviu como presídio e prefeitura, e hoje abriga móveis e objetos históricos, além de um acervo de cerâmicas arqueológicas das populações indígenas que habitavam a região.

Não muito longe dali está o Mercadão 2000, o grande mercado público de Santarém, onde é possível encontrar peixes, frutas, legumes, muita farinha de mandioca e toda sorte de temperos que têm feito a fama da culinária paraense. Culinária que é também uma excelente razão para se visitar Santarém. Pirarucus, surubins e tambaquis saem do Mercadão direto para as mesas dos restaurantes. Acompanhados pelo tradicional tucupi, sumo extraído da mandioca, e do jambu, folha que confere leve dormência na ponta da língua e também é muito usada em drinques, os pratos são uma festa para os olhos e o paladar, com uma explosão de sabores capaz de fazer qualquer um agradecer aos céus pelo momento.

SERVIÇO

ONDE FICAR

ALTER DO CHÃO

Beloalter. Diárias a R$ 259, com café da manhã (beloalter.com.br).

Borari. Diárias a R$ 210, com café da manhã (hotelborari.com.br ).

SANTARÉM

Sandis Mirante. Diárias a R$ 189, com café da manhã (hotelsandismirante.com.br).

Barrudada. Diárias R$ 182,

com café da manhã (barrudadatropicalhotel.com.br).

Renato de Alexandrino viajou a convite do Ministério do Turismo

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O carimbó embala passagem da tocha por Belém

SANTARÉM - Danças ao ritmo do carimbó, procissão de barcos, embaixadinhas com bola de futebol e muita vibração da população sob um calor de mais de 30 graus. Teve de tudo um pouco na passagem da tocha olímpica por Santarém, no Pará, a 150ª cidade a receber o revezamento da chama dos Jogos Rio-2016. Mais de 138 quilômetros foram percorridos entre deslocamento e revezamento, com a participação de 99 condutores.

O primeiro deles foi o triatleta Iure Corrêa Dias, descendente dos índios Borari, que iniciou o revezamento na Vila de Alter do Chão, a cerca de 40 quilômetros de Santarém. Conhecida carinhosamente como "Caribe amazônico" por suas praias de rio com águas cristalinas, Alter do Chão é um destino turístico cada vez mais procurado.

O revezamento começou no fim da manhã, com apresentações típicas, como dança do carimbó (um ritmo local), e demonstrações da Festa do Sairé, uma festividade religiosa tradicional da região, que existe há mais de 300 anos.

- Estou muito feliz. Só posso agradecer por participar dessa festa e representar o povo de Alter do Chão. Participar dos Jogos Olímpicos sempre foi um sonho, e estou realizando um pouco desse sonho agora - disse Iure.

De Alter do Chão, a chama olímpica seguiu em um barco da marinha até Santarém, pelo rio Tapajós. O trajeto de quase uma hora foi acompanhado por dezenas de barcos e jet-skis. Na chegada à segunda maior cidade do Pará, muitas canoas e caiaques se juntaram ao comboio. Antes de desembarcar no terminal fluvial, a chama olímpica ainda fez um passeio até o encontro dos rios Tapajós, com sua água clara e mais quente, e Amazonas, de água barrenta e mais fria, a algumas centenas de metros da orla da cidade. Ali, a tocha foi acesa novamente.

Ela desembarcou nas mãos de Hiel Gesã, atleta de canoagem que havia embarcado com a tocha em Alter do Chão. Centenas de pessoas se espremiam na entrada do terminal para ver a passagem da tocha, enquanto uma banda de música tocava.

- Foi um privilégio conduzir a tocha de Alter do Chão até Santarém e poder mostrar meu município para o mundo. Eu não esperava ver tanta gente na rua numa tarde de sexta-feira. Fiquei até com medo de tremer com a tocha na mão. Estou com o coração acelerado - confessou Hiel, bastante emocionado, e cercado por pessoas pedindo para fazer uma selfie com o novo herói local.

Terceiro colocado no Mundial de futebol freestyle da República Tcheca, Ricardo de Araújo conduziu a tocha realizando embaixadinhas com uma bola. Depois de percorrer ruas da cidade, a chama olímpica chegou à Praça Barão de Santarém, onde, no começo da noite, foi acesa a pira de celebração. A festa seguiu noite adentro, embalada como começou, ao ritmo do carimbó.

Depois de passar por Santarém, a tocha olímpica vai hoje para Boavista, capital de Roraima. Lá, descerá de paraquedas, visitará a comunidade indígena de Campo Alegre, na zona rural da cidade, e fará um passeio de barco pelo Rio Branco. Serão 157 condutores e pouco mais de 33 quilômetros de revezamento.

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Moradores da Barra são escolhidos para conduzir a tocha olímpica

RIO — Ao todo, 12 mil pessoas vão participar do revezamento da tocha olímpica por 327 cidades do Brasil. Cada um vai carregar o fogo (ou já carregou) aceso na Grécia por 200 metros, num revezamento que só acabará no dia 5 de agosto, quando a última pessoa (o nome é um dos maiores segredos da organização) vai acender a pira olímpica e marcar a abertura dos Jogos do Rio.

O GLOBO-Barra perfila, a seguir, cinco moradores da região convidados a conduzir a tocha: a chef Carolina Sales, a especialista em educação e sustentabilidade Luciana Provenzano, o cantor Diogo Nogueira, a jornalista Fátima Bernardes e o médico Luis Fernando Correia, que já cumpriu sua missão, em Tiradentes (MG).

Cada um foi convidado por um motivo diferente, mas que os deixa em sintonia com os ideais olímpicos. Há quem não saiba ainda qual será a data em que conduzirá a tocha ou o percurso que fará: a convocação pode resultar numa viagem para outra cidade.

— Eu recebi um e-mail dizendo que a data será 4 de agosto, em Itaboraí — comemora Luciana.

MISSÃO JÁ CUMPRIDA

A emoção que os outros moradores da Barra incumbidos de carregar a tocha olímpica vão sentir já foi experimentada pelo médico Luis Fernando Correia, diretor de relações institucionais do Hospital Samaritano e comentarista do “RJ TV”, da Rede Globo, e da GloboNews. Há duas semanas, ele foi o condutor do fogo em Tiradentes (MG), e o recebeu nas escadarias da igreja matriz da cidade histórica.

— Depois do nascimento dos meus filhos, foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida — declara.

Correia mora na Barra, tem a vida quase toda no bairro e não faz ideia de como foi parar em Tiradentes, local que define como “maravilhoso”. Mas imagina que o convite tenha origem no envolvimento que tem com o esporte desde 2004. Ele já foi médico da seleção brasileira de saltos ornamentais, chefiou a equipe médica nos Jogos da Língua Portuguesa, dirigiu a policlínica da Vila do Pan, foi com a delegação brasileira às Olimpíadas de Pequim e atuou como coordenador médico geral da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. Além de tudo isso, jogou polo aquático pelo Flamengo e pelo Fluminense. Hoje, ele se dedica ao golfe, um esporte “menos radical, mas desafiador”.

A conquista será compartilhada. Ele pretende expor a tocha e o uniforme que usou na Escola Britânica, onde os filhos estudam. Depois, as peças vão para a casa dele, e ficarão num local de destaque. Correia quer ainda botar a camiseta numa moldura, e já mandou fazer uma caixa de vidro com uma base de madeira para fixar o “troféu”.

— O que me chama a atenção é que as 12 mil pessoas que vão conduzir a tocha representam bem a população. Em Tiradentes, éramos 11, e tinha um carteiro, uma agricultora, um professor... A comunidade está muito bem representada — afirma o médico.

EMPREENDEDORA OLÍMPICA

Quem entra em uma das suas três lojas, todas na Barra, sequer imagina que Carolina Sales não tem formação em gastronomia. Antes de fazer os brigadeiros que deram um novo rumo à sua vida, ela era veterinária. Como se sentia mal remunerada, tentou cursar Medicina, mas, no meio da segunda faculdade, decidiu fazer caixinhas artesanais para festas e casamentos. As caixinhas agradavam, mas as clientes queriam enchê-las. Foi quando recorreu à avó paterna e aprendeu a fazer brigadeiros. Isso aconteceu em 2010. De lá para cá, ela estudou sozinha, aprendeu os segredos da confeitaria, fundou a primeira loja especializada em brigadeiros no Rio e, por tudo isso, recebeu o convite de uma patrocinadora dos Jogos Olímpicos para ser uma das representantes do empreendedorismo no revezamento da tocha. Ela ainda não sabe quando participará da cerimônia.

— Penso que o convite é uma retribuição pelo fato de continuarmos gerando empregos apesar de todas as dificuldades que o país enfrenta. É uma valorização do trabalho — diz.

VITÓRIA DA SUPERAÇÃO

Esporte, esporte mesmo, a especialista em educação e sustentabilidade Luciana Provenzano nunca praticou. Ela não é de correr atrás de bola ou ficar saltando de um lado para outro, mas jamais dispensou os benefícios da atividade física nem abriu mão de viver bem e de transformar o meio ambiente. É este modo de vida que a ajuda superar um linfoma crônico desde 2010. E foi esta vontade de viver, sem se fazer de vítima, que chamou a atenção do Comitê Rio 2016. Ela vai conduzir a tocha no dia 4 de agosto, em Itaboraí.

— Eu nunca imaginei que um dia pudesse ser convidada — alegra-se.

Não imaginou, mas plantou as sementinhas. Alimentação saudável sempre foi um hábito. Deste modo de vida surgiu o gosto de trabalhar com sustentabilidade e a vontade de proporcionar um futuro melhor para o mundo. Hoje, ela desenvolve projetos de educação corporativa, treinamento e desenvolvimento humano e ajuda na elaboração de um cardápio mais saudável nas escolas do Rio.

— A tocha representa esse fogo da vida. Passar o fogo para outra pessoa é passar energia. Isso para mim é muito forte, é o que busco fazer na vida — afirma.

MUSA DOS JOGOS

Durante as Olimpíadas, o programa “Encontro com Fátima Bernardes” deve ser o único matinal da TV Globo a permanecer na grade. E essa não será a única relação da jornalista com os Jogos. Ela é uma das convidadas para conduzir a chama olímpica pelas ruas do Rio, sem local e data divulgados até o momento. A ligação de Fátima, praticante de dança, com a cobertura esportiva é antiga: foram duas Olimpíadas, quatro Jogos Pan-Americanos e quatro Copas do Mundo, com direito a um título de musa na de 2002, disputada na Coreia do Sul e no Japão.

A VOZ OLÍMPICA

Esporte é com ele mesmo. Diogo Nogueira é atacante dos bons, e quase se profissionalizou no futebol. Não fosse uma contusão no joelho, talvez ele não tivesse o sucesso que conquistou no samba. Apaixonado pelas Olimpíadas desde pequeno, o cantor diz “sim” a qualquer convite que recebe para divulgar os Jogos do Rio. No ano passado, quando faltava um ano para o início da competição, ele se apresentou no show da contagem regressiva. Quando a tocha chegou ao Brasil, lá estava ele novamente, em Brasília. Recentemente, Diogo gravou uma canção internacional chamada “The fire”, que será distribuída nos veículos de cobertura oficial em todo o mundo. Ele representa a América do Sul, e esteve ao lado de Lenny Kravitz (América do Norte), Nneka (África), Yuna (Ásia) e Corinne Bailey Rae (Europa). Seu próximo compromisso olímpico será a condução da tocha no Rio, em local e data ainda não divulgados.

— Topei na hora. Para mim, esse é um compromisso cívico, de cidadão. Meu disco novo se chama “Porta-voz da alegria”, e o novo DVD é intitulado “Alma brasileira”. Acho que esses trabalhos levam nos nomes o mesmo espírito dos Jogos e da tocha: união, alegria e esperança — destaca o sambista.

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Niterói promove intercâmbio cultural e sedia ‘Encontros com Ãfrica’

NITERÓI — Receber artistas estrangeiros é uma tradição em Niterói. Desde a década de 1990, o município organiza encontros culturais em parceria com um determinado país. Começou com Cuba, seguiu com Portugal, Itália, Japão, Espanha, e, mais recentemente, em 2011, o tema foi a América do Sul. As atividades culturais, que se tornaram uma política pública de vários governos, eram desenvolvidas em três semanas. Também seria assim com a África, mas uma sucessão de crises mudou os planos dos organizadores. Agora, em vez de um único grande evento, serão realizados vários “Encontros com África” ao longo de dois anos. A gratuidade em todas as atividades, porém, está mantida. As primeiras exibições começam na próxima quinta-feira, com apresentações no Teatro Municipal.

— Em 2013 começamos a organizar um encontro com a África e tínhamos a ideia de fazer tudo como fazíamos antes, mas neste meio tempo surgiram a epidemia de ebola e a crise econômica e política no Brasil, que, obviamente, mexeram com as possibilidades do evento. Como tivemos dificuldades para o grande encontro, resolvemos fazer vários. Particularmente, estou muito satisfeito com o que estamos realizando — afirma o organizador, Marcos Gomes.

As atividades promovem um intercâmbio entre niteroienses e africanos. Nesta primeira quinzena, a cidade vai receber artistas de Angola, de Benim e da África do Sul. Para esta semana estão programadas apresentações do Jongo Folha de Amendoeira, de Niterói; da Companhia de Dança Contemporânea de Angola; do espetáculo de música teatral “Vida de vassoureiro”, com o artista brasileiro Elias Rosa; e show com o cantor beninense John Arcadius.

Na próxima semana tem jongo com o Grupo Dandalua; um fórum de cultura angolana; a peça “Laços de sangue”, da Companhia Elinga, de Angola; e show do compositor Ndaka Yo Wiñi, com participação da cantora Anabela Aya, ambos angolanos. Todas as apresentações serão no Teatro Municipal. A única em outro endereço será a do grupo sul-africano Obrigado, que, no dia 17, encerra a programação abrindo o show de Emicida, no Teatro Popular Oscar Niemeyer.

Gomes enfatiza que o evento, mesmo com sua grandiosidade, não gera custos para os cofres municipais.

— Desde os primeiros encontros conseguimos parcerias que permitiram que os artistas viessem a Niterói sem cobrar cachê e sem que o município arcasse com as passagens. Viajamos muito e mostramos credibilidade para que fundações, como a Sindika Dokolo, apoiassem a iniciativa — diz o organizador, acrescentando que espera consolidar a parceria para que artistas niteroienses também possam viajar aos países africanos para se exibirem lá.

A escolha da África, garante Gomes, foi natural, embora o secretário municipal de Cultura, o músico Arthur Maia, conheça bem o continente, onde se apresentou várias vezes, e seja entusiasta da cultura africana.

— Nós compartilhamos desta opção. Foi um gosto particular e coletivo, muito pela concepção e pelo respeito que temos pelo continente — justifica Maia.

A garantia de dar continuidade aos eventos do encontro pelos próximos dois anos também pesou na opção pelo continente, já que, diz Gomes, há relacionamento estreito com cerca de 20 países. Na opinião dele, não seria possível mostrar todas as culturas num único evento. A intenção é que as atividades sejam desenvolvidas semestralmente. As negociações para a próxima edição estão adiantadas, faltando apenas a confirmação das atrações.

— Com essa nova fórmula, nós damos uma continuidade que é fundamental no caso da África, que não é um país, mas um continente com diferentes culturas. O grande desafio é mostrar a influência africana na nossa cultura, que é tão presente, mas pouco conhecida. E começamos com Angola, que é o país com maior presença no nosso país. Pouca gente sabe, mas Cubango, o nome do bairro de Niterói, é uma palavra angolana. E há muitas outras referências espalhadas por aí — ensina o organizador.

Para Maia, a relação entre Brasil e África é maior do que a história construída no período de colonização.

— Existe um rio da África que corre muito perto da gente, e sempre passou. Continua limpo, mas a gente bebe muito pouco dele — define o secretário.

A coordenadora de Políticas e Promoção da Igualdade Racial de Niterói, Tatiara Souza, ressalta que eventos como o “Encontros com África” atendem ao programa da Organização das Nações Unidas (ONU) que desenvolve a Década do Afrodescentendente, com intuito relembrar o histórico dos negros na formação dos países ao redor do mundo.

— O Brasil só é o que é hoje graças à cultura africana — enfatiza.

Além das apresentações culturais, o encontro pretende abordar os aspectos citados por Tatiara. Um dos objetivos da Fundação Sindika Dokolo é apresentar parte da terceira Trienal de Luanda, que tem como tema “Da utopia à realidade: da escravidão ao apartheid”. O Fórum Cultura Angolana vai discutir literatura, língua portuguesa e arquitetura. Também será feito o lançamento do site Malungo Eu, feito por brasileiros, com colaboração africana, para discutir o tema.

Como as apresentações são gratuitas, a entrada está condicionada à lotação do Teatro Municipal. A distribuição de senhas começa uma hora antes de cada espetáculo. A programação completa está no site niteroi.rj.gov.br/encontroscomafrica.

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Costureiras da Califórnia contam suas dores com quilts

OAKLAND, Califórnia – Os incêndios florestais ocorriam em toda a Califórnia quando Marion Coleman começou "Firestorm", seu quilt sobre as chamas que assolaram Oakland e Berkeley Hills, em 1991. É um inferno capturado no pano: as silhuetas enegrecidas de árvores, envoltas em chamas de intricados pontos em redemoinho.

Marion, assistente social aposentada, hoje faz colchas profissionalmente e é uma das 80 mulheres – com alguns homens – que se encontram todos os meses como membros da multicultural Corporação de Costureiras Afro-Americanas de Quilts de Oakland. É uma das mais de dez corporações em todo o país dedicadas a promover a tradição na cultura negra americana, mas um dos poucos grupos que assumiu o desafio de definir uma cidade por meio dos quilts.

Cerca de seis meses atrás, Marion e suas irmãs de corporação tiveram uma ideia elaborada: desenhar colchas narrativas que transmitiriam através do pano a personalidade, a história e a complexidade social de sua cidade natal. “Nosso nome é Corporação de Costureiras Afro-Americanas de Quilts de Oakland”, enfatiza Marion. “Há um sentimento de posse e orgulho do nosso lugar.” O resultado é “Bairros se Unindo: Quilts em Oakland”, uma exibição de mais de 100 peças.

As colchas revelam tantas facetas da vida aqui quanto o número de costureiras existentes. “Lake Merritt Foggy Morning”, de Alice Beasley, por exemplo, é uma mostra temperamental de um fenômeno meteorológico da Região da Baía que pode algumas vezes parecer um ser vivo à medida que envolve a paisagem. Alice usa camadas de seda azul e organza pintada para representar a neblina etérea cobrindo o lago.

Outras costureiras têm um alinhavado mais sóbrio. Em uma peça chamada “Hands Up Don’t Shoot”, Jackie Houston, de 61 anos, fala sobre raça e brutalidade da polícia, mostrando em sua colcha uma assustadora imagem gigante de seu neto de sete anos, com as mãos levantadas de maneira dramática, estendendo-se para além das bordas de pano. Jackie diz que usou o neto para evocar os perigos de ser um garoto afro-americano. Falando das mortes recentes pelo país, ela completa: “Poderia ser o filho de qualquer pessoa”.

Historicamente, fazer colchas tem sido uma forma de arte acessível às pessoas marginalizadas, especialmente mulheres, que “enxergam seus pensamentos no pano”, afirma Carolyn L Mazloomi, historiadora de quilts e curadora independente que fundou a associação sem fins lucrativos Rede de Mulheres de Cor Costureiras de Quilts.

“É a primeira coisa em que somos enrolados quando nascemos e a última a tocar nosso corpo quando deixamos o reino da terra”, diz ela.

Mas, por muitos anos, Carolyn conta, os historiadores culturais acharam que as colchas afro-americanas eram todas iguais, assumindo que as costureiras negras tinham uma preferência por cores brilhantes e peças grandes e assimétricas – como as famosas feitas em Gee’s Bend, no Alabama – ou sinais e símbolos relacionados à África. A percepção era que poucas colchas produzidas pelas afro-americanas eram bem feitas, com um trabalho preciso das peças e costuras pequenas. O livro de Carolyn, “And Still We Rise: Race, Culture, and Visual Conversations” (E Continuamos nos Levantando: raça, cultura e conversas visuais), prova que essa noção está errada.

Em casa, Fran Porter, a grande dama da corporação aos 91 anos, mantém um “esconderijo” de tecidos e fios em caixas de plástico ordenadamente empilhadas e um caderno de anotações do lado da cama para desenhar conceitos a qualquer hora. Ela escolheu representar grafites em sua colcha porque “me fascinam e me repelem”, conta. Fran começou a fazer quilts aos 82 anos. “Achei que era para as mulheres mais velhas. E finalmente percebi que havia me tornado uma delas.”

Fran Porter foi assistente social por 20 anos. Na equipe da corporação também há uma professora de dança haitiana, uma litigante aposentada, uma auditora dos Correios e uma editora de jornal aposentada. A presidente atual, Marie Taylor, é uma ex-freira que passou 35 anos em um convento. (“Decidi que queria controlar minha própria vida”, explicou ela sobre sua saída.)

A ressonância emocional de costurar os quilts talvez seja melhor personificada na vida e na arte de Ora M. Knowell, de 70 anos, membro da cooperativa e filha de meeiros, que perdeu dois filhos para a violência armada de Oakland. Ora cresceu em uma casinha em uma fazenda no Mississippi. Quando era garota, dormia do lado do fogo sob uma manta pesada feita por sua mãe com lã velha e pedaços de roupas de algodão.

Ela odiava a costura. “Não tínhamos dedais, e nossos dedos ficavam furados e doloridos de ter que costurar para nos manter quentes”, conta Ora.

Mas seu talento especial para fazer bonecas com varinhas e espigas de milho acabou se revelando uma afinidade com a costura. Quando seu primeiro filho, Christopher, morreu um 1995, aos 25 anos, ela canalizou sua dor em um painel costurado que incluía a transferência de uma foto dele aos 13 anos e luvas tricotadas cor de rosa – um símbolo próprio da necessidade de as mães protegerem seus filhos. Quando o segundo filho, Daniel, de 34 anos, foi morto em 2002, Ora respondeu com uma colcha honrando as 113 vítimas de homicídio apenas naquele ano em Oakland.

“As pessoas dizem que quanto mais a morte vem, mais imune a ela você fica, mas não é verdade”, diz Ora. No final, ela conclui que “não vou deixar o assassino me matar ficando com medo”. Sua última colcha, “Black Justice Matters”, é um comentário costurado à mão e na máquina sobre o que ela vê como um sistema judiciário desequilibrado.

Cerca de uma década atrás, Ora começou a instituição sem fins lucrativos West Oakland Lower Bottom Fatherless Children’s Foundation, para ajudar crianças que estão sofrendo com a perda de pessoas da família por causa da violência.

Ela convida crianças para ajudar a criar bonecas de meias e outros projetos artísticos, bordando o rosto da pessoa querida em algodão “para trazer conforto”.

“Ver outras vítimas sofrendo da mesma maneira que eu, aqueles que não conseguem falar nem ser ouvidos, me motivou e me inspirou a usar minha arte como voz”, explica Ora.

Sua alma é a da costureira de quilts – curando dores por meio de histórias que talvez apenas os tecidos possam contar.

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Céu na Terra vai levar a África para as ladeiras de Santa Teresa

RIO - O último final de semana antes do carnaval começa com tudo. O Céu na Terra promete trazer a África para as ladeiras de Santa Teresa e literalmente levar os foliões ao céu com sua energia colorida. O cortejo começa às 8h, na Praça Odilo Costa Neto, e segue até o Largo das Neves. Este ano, o bloco vai tocar Marrabenta, ritmo musical do sul de Moçambique e vestir seus tradicionais bonecos de Olinda com trajes africanos. Tudo para trazer um pouquinho do continente africano ao carnaval carioca.

A marrabenta será apresentada durante o desfile pelo saxofonista moçambicano Timóteo Cuche acompanhada por coreografias elaboradas por Juliana Manhães.

— Trazer a África para o Céu na Terra foi uma sugestão do nosso trombonista Sergio Castanheira. Ele já esteve por lá algumas vezes e, numa dessas, conheceu o Timóteo Cuche. Como é sempre bom ter novidades, surgiu a ideia da ponte musical Brasil x Moçambique. A esposa do Sérgio, que fez doutorado em dança na África, criou uma coreografia com o som moçambicano. Vai ser bem legal, bem diferente — antecipa um dos organizadores do bloco Péricles Monteiro.

A professora, Juliana Manhães, ressalta que os próprios integrantes do bloco vão dançar a coreografia criada por ela.

— A gente criou movimentos bem simples, de mexer mesmo. O ritmo marrabenta, conhecido também como a dança do amor, é um deslizar de pés, muito sensual. Os ritmistas vão tocar e dançar, bem como é feito em Moçambique. A dança lembra um pouco o Kuduro, sabe? É uma dança mais misturada, urbana. Vamos fazer vários movimentos fáceis para os foliões pegarem rápido. Com certeza ninguém vai achar difícil — diz.

O interesse pelo ritmo foi tão grande, que Juliana vai ministrar um aula na Fundição Progresso.

— Quem acompanhou os ensaios, gostou muito. Dia 3, vou dar uma aula de Marrabenta, hibridizando com outros ritmos africanos.

O cortejo será todo dedicado a Moçambique. A bateria vai parar de tocar e, entre palmas, será puxada a música Elisa Gomara Saia, na língua materna de Timóteo.

— Com certeza o cortejo será o momento mais emocionante. O grande barato do desfile deste ano é a mistura entre a folia e a pesquisa. O Timotéo também é professor. Então, além dos ensaios práticos, tem também uma conversa sobre a relação do Brasil e Moçambique. Os foliões podem esperar muita diversão e cultura — conta o trombonista do bloco, Sergio Castanheira.

Conhecido pelo colorido das fantasias dos foliões, o Céu na Terra conta com cem ritmistas. Além do ritmo moçambicano, os foliões vão curtir também marchinhas, frevo, ciranda, maxarrancho e, claro, muito samba.

— Timóteo vai tocar umas seis músicas no ritmo Marrabenta, mas fica com a gente o desfile inteiro. Ele, inclusive, trouxe capulanas (pano tradicional de Moçambique muito utilizado por mulheres de lá) para vender — conta o organizador.

Apesar da retomada dos bondes de Santa Teresa, ainda não será este ano que o Céu na Terra voltará a transformar o transporte em alegoria de carnaval, como fazia antes do acidente em 2011, que deixou seis mortos e 56 feridos e paralisou o serviço.

— Nós saímos nove anos seguidos no bondinho, antes do acidente. Fizemos carnavais incríveis em cima dele e adoraríamos retomar a tradição. Mas acho um pouco prematuro querer voltar a desfilar com o bonde, pois ele ainda está em fase experimental.

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Ilê Aiyê escolhe sua musa neste sábado


Neste sábado, 16, uma dentre 15 mulheres negras irá encerrar a noite com o título mais cobiçado do bloco afro Ilê Aiyê: Deusa do Ébano. A 37ª Noite da Beleza Negra acontece na Senzala do Barro Preto, no Curuzu, a partir das 21h. Após ensaios, provas de figurino e adereços, e noites insones, sobram o nervosismo e o orgulho da possibilidade de representar o Ilê ao longo do ano em shows e participações em diversos eventos. "Durante os 42 anos do bloco, nós desmistificamos várias histórias sobre África e resgatamos a afirmação identitária e autoestima das mulheres negras", explicou a diretora do Ilê, Arany Santana. Este ano, as candidatas serão avaliadas pelo secretário de Cultura, Jorge Portugal, a dançarina Nádia Nóbrega e o professor de dança Gilmar Sampaio. Pelo segundo ano consecutivo, as vencedoras do segundo e terceiro lugares irão integrar a corte no Carro da Rainha durante o desfile do bloco no carnaval. A anfitriã Band'Aiyê e a dupla Lucas e Orelha animam a noite. A festa contará [Leia mais...] (webremix.info)


Veja teasers das séries de Stephen Daldry e de Baz Luhrmann (webremix.info)


(RJ)Mostra de samba e cinema na Caixa Cultura de 1 a 13! (webremix.info)


Batida conjuga o ritmo e o novo pensamento de Angola

RIO - Preso em Luanda no dia 20 de junho, junto com outros ativistas, em meio a um grupo de estudo dos livros “Da ditadura à democracia” e “Ferramentas para destruir o ditador e evitar nova ditadura — Filosofia política da libertação para Angola”, o rapper Luaty Beirão iniciou uma greve de fome que durou 36 dias (foi o último dos seus companheiros a abandoná-la) e, com isso, chamou a atenção de muita gente para a situação política de seu país, governado desde 1979 por José Eduardo dos Santos (contra quem ele e os outros presos estão sendo acusados de se rebelar e planejar atentado).

— Houve muita atenção, como nunca tinha havido em nenhum episódio angolano. Desde 2011 têm acontecido casos como esse, de prisões, e de pessoas que desaparecem — alerta o produtor angolano Pedro Coquenão, mentor do projeto Batida, do qual Luaty faz parte e com o qual Coquenão desembarca pela primeira vez no Rio, no dia 13, para apresentação no Parque Lage, dentro do festival Mimo.

Em 2004, Coquenão e Luaty fizeram juntos o documentário “É dreda ser angolano”, sobre a música no pós-guerra de Angola, exibido em 2009, em João Pessoa, no festival Cineport. Foi ali, casualmente, a primeira vez que o Batida se apresentou no Brasil.

— Na altura, perguntaram-me se havia alguma coisa mais que quisesse apresentar, e eu nem sequer tinha o (primeiro) disco do Batida acabado, então fiz uma apresentação ainda meio experimental — revela Coquenão, que agora torce para que Luaty e os seus colegas de infortúnio se recuperem fisicamente a tempo de enfrentar o julgamento (previsto para acontecer a partir do dia 16). — O pior já passou, todos estão reunidos numa só prisão, em celas comuns, não mais em solitárias.

Batida - Pobre e Rico feat. Matadidi MarioProjeto dedicado a reelaborações eletrônicas do kuduro (a mutação angolana do rap, gestada nas favelas, da mesma forma que o funk carioca) e do semba (a música mais tradicional do país, que se desenvolveu no pós-independência, nos anos 1970), o Batida foi descoberto pelo selo britânico Soundway, que lançou seus dois álbuns, “Batida” (2012) e “Dois” (2014). Nos últimos anos, ele participou de shows com o projeto Africa Express (de Damon Albarn, vocalista do grupo inglês Blur) na França e na Dinamarca (no festival Roskilde) e levou Coquenão a participar do projeto “Ten cities”, em Nairóbi, no Quênia. Recentemente, o produtor passou alguns dias em seu estúdio em Lisboa com o grupo congolês Konono nº1 gravando seu novo disco, que sai em 2016.

— Os ritmos do Congo são muito relacionados aos de Angola — diz Coquenão, que aproveita para fazer também, dentro do Mimo, no dia 24, no Museu da República, a palestra “A música de Angola no pós-guerra”.

O Batida chega ao Brasil com o produtor (nas programações eletrônicas), alguns vídeos (que narram as músicas) e um time de ritmistas e dançarinos.

— A dança não precisa ser só hedonista — afirma. — Há sempre histórias que se contam e conhecimentos que se pode passar com ela.

Entre as músicas com que o Batida chega ao país, estão as de “Dois”, de forte caráter político. Como “Luxo”, que prega com humor que, para acabar com a pobreza, o melhor seria estender o luxo a todos:

— Luanda é uma das cidades com a maior taxa de mortalidade infantil, de pobreza muito abaixo do possível, mas onde há muitos carros da marca Jaguar. A música é uma provocação: em vez de resolver a pobreza por baixo, é melhor resolver por cima. Se toda a gente tivesse um Jaguar, nos sentiríamos melhor.

Um momento lírico do disco é “Lá vai Maria”, feita em cima do samba brasileiro “Lata d’água”, com rap de Luaty Beirão:

— Ouvi essa música numa versão angolana. É uma letra que se relaciona muito com aquela senhora que anda sempre em Luanda com o bebê às costas, transportando água de um lado ao outro, com algo na cabeça para vender e sustentar a família. Podia ser a mãe africana, a mulher ou mesmo o continente.

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Em Londres, Nova Zelândia faz a dança do tricampeonato mundial

LONDRES O mundo é dos All Blacks. Vestindo o tradicional uniforme todo preto, que deu origem ao apelido, a Nova Zelândia se sagrou ontem tricampeã mundial de rúgbi, ao se impor à Austrália por 34 a 17, em Londres.

Ao fim do jogo, os campeões festejaram com a haka (dança tradicional). Vitoriosa nas Copas de 1987 e de 2011, a Nova Zelândia é a primeira a ter conquistado três vezes o Troféu William Webb Ellis, em homenagem ao criador da modalidade. Ambos da Oceania e de colonização inglesa, os países têm uma curiosa rivalidade.

Na decisão do bronze, na sexta-feira, a África do Sul bateu a Argentina: 24 a 13. A próxima Copa será em 2019, no Japão.

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